Mesmo às vésperas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentar um novo plano para a reforma agrária no país, marcado para a tarde desta segunda (15), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu três propriedades nos estados de Pernambuco e São Paulo em meio às ações do chamado “Abril Vermelho”.
Uma delas, no estado nordestino, é a terceira invasão a uma fazenda da Embrapa que gerou a primeira crise de Lula com o movimento e com a oposição ainda no ano passado. A ocupação ocorreu neste domingo (14) na cidade de Petrolina, onde uma propriedade da Codevasf também foi alvo do movimento.
Em uma nota emitida no começo da noite, o MST informou que a área de 1,5 mil hectares é “improdutiva, ociosa e abandonada”, e a reivindica para a desapropriação e assentamento. No entanto, não foi informado quantas famílias estão no local.
A Embrapa afirmou que “está aberta ao diálogo e adotando as medidas cabíveis para solucionar a situação”. A área é utilizada pela autarquia para a pesquisa e desenvolvimento de gramíneas e pastagens há mais de 40 anos.
Já na manhã desta segunda (15), o MST invadiu uma propriedade particular em Campinas (SP), afirmando que a área é “improdutiva”, pertence a uma empresa do setor imobiliário e que “está tomada por pastagem degradada e há anos não cumpre sua função social”.
O movimento diz que teve acesso a um documento em que a empresa relata ser inviável desenvolver atividades rurais na área e que “tão somente gera prejuízos e despesas de grande mora”. Segundo o MST, cerca de 200 famílias ocupam a área.
As invasões às propriedades de Pernambuco e São Paulo pressionam o governo Lula a apresentar um plano satisfatório de reforma agrária, que está sendo discutido nesta manhã pelo presidente com os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação).
A reunião é uma prévia do programa “Terra da Gente”, que será apresentado por Lula à tarde. A iniciativa é uma espécie de “prateleira de terras” que o presidente ordenou aos ministros para elaborarem, ainda no ano passado após as primeiras invasões do MST. Será uma lista de terras improdutivas ou devolutas da União que podem ser destinadas à reforma agrária.
Ainda não há informações de quantas propriedades públicas ou particulares devem ser alvo do programa, mas a finalidade já foi sinalizada por Lula em diversas ocasiões. Logo após a invasão da propriedade da Embrapa, no ano passado, ele afirmou que o Incra deveria se adiantar às ocupações, e que o MST não precisava mais fazer este tipo de ação.
Lula, no entanto, também foi criticado por líderes do MST ao longo do ano passado, que reclamaram da lentidão do governo em apresentar uma proposta de reforma agrária. A apresentação do programa “Terra da Gente” havia sido marcada inicialmente para o começo da semana passada, mas foi adiada para mais tratativas.
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