Um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e apoiador histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Paulo Rodrigues afirma que novas invasões não estão descartadas, mas que não é pela falta de políticas efetivas do governo para a reforma agrária. E sim que é algo da “vida real” do movimento.
O recado ao governo foi dado por conta do “atropelo” em avançar a pauta de reivindicações do MST, que pede mais recursos para novos assentamentos, indicações para as diretorias do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e compra de alimentos dos agricultores que já produzem.
“As mobilizações que vierem a acontecer não serão em função desse atropelo do governo. São mobilizações da vida real, que a sociedade faz para obter suas conquistas econômicas, para melhorar a vida do povo. Mas estamos preocupados, sim, com o ritmo do governo. Estamos em outubro e não podemos terminar o ano com um saldo muito baixo para a base dos movimentos no campo”, disse Rodrigues em entrevista ao Correio Braziliense publicada nesta segunda (2).
Segundo Rodrigues, o governo “tem um compromisso com a reforma agrária”, mas garantiu que a possibilidade de novas invasões não é uma “retaliação, vingança ou pressão”. Para ele, o governo Lula “não pode levar um ano apanhando da máquina”, pela baixa quantidade de recursos para a reforma agrária.
Na semana passada, áudios de parlamentares da base petista na Câmara dos Deputados revelaram a insatisfação com ministros de Lula, principalmente aqueles ligados às políticas agrárias. “Apresentamos [um valor e negaram]. Baixamos para R$ 200 [milhões] e estão falando em R$ 40 [milhões]. Gente, isso é crise”, afirmou Airton Faleiro (PT-PA) em uma das mensagens.
João Paulo Rodrigues ainda se mostrou insatisfeito com o resultado da CPI, em que o relator deputado Ricardo Salles (PL-SP) classificou o movimento como uma “organização criminosa” e criminalizou as atividades. O relatório não foi votado, mas uma série de projetos de lei foi sugerida ao Congresso.
Rodrigues afirmou que a “CPI é sempre ruim” e que as investigações prejudicaram a atuação do MST e paralisaram o governo. A comissão teve quatro meses e dez dias de duração.
“Não falo de ocupações, porque isso é menor. Mas ter que ficar respondendo a uma CPI que nasceu com um relatório pronto, que não mostrou a que veio e que provocou uma confusão política no Congresso. Há quem ache que o MST saiu maior, engrandecido. Eu prefiro o MST do mesmo tamanho”, completou.
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