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O ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que o clima é de constrangimento no Exército após a prisão do general Walter Braga Netto, no último sábado (14) no Rio de Janeiro.
Múcio se reuniu com Lula na manhã desta terça (17) na casa do presidente em São Paulo, onde se recupera dos dois procedimentos a que foi submetido na semana passada para estancar e prevenir novos sangramentos cranianos.
“Ele queria saber como tava o ambiente nas Forças [Armadas], e evidentemente que isso era uma coisa que já se esperava, todo mundo esperava. Há um constrangimento ao espírito de corpo de cada Força”, disse Múcio a jornalistas após despachar com Lula.
Enquanto Lula se recupera da cirurgia, com previsão de voltar a Brasília na quinta (19) dependendo do resultado do novo exame de imagem a que deve ser submetido, Múcio discute com o Exército medidas do ajuste fiscal e o andamento das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. A Polícia Federal aponta que Braga Netto era o pivô do esquema, que teria ainda o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como mentor.
“Desejamos que todos esses que estão envolvidos respondam à Justiça. [...] É necessário, precisa acabar pra gente olhar para frente e tirar a suspeição dos inocentes. Cada um entrou nisso com seus CPFs, e a gente tem que preservar o CNPJ das três Forças”, completou Múcio.
Ele ainda mencionou que ficou sabendo da operação contra Braga Netto e outro militar um dia antes à noite, após ser avisado pelo comandante-geral do Exército, Tomás Paiva. E somente na manhã da ação da Polícia Federal é que ele ficou sabendo quais eram os alvos.
Múcio foi o quarto ministro a despachar com Lula desde que o presidente teve alta hospitalar, no último domingo (15). Além dele, também já se encontraram com ele Fernando Haddad (Fazenda), que o atualizou sobre o andamento das pautas econômicas no Congresso, Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
Braga Netto foi preso por suspeita de que teria tentado interferir nas investigações ao buscar informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que delatou a suposta tentativa de golpe.
O militar está preso na 1ª Divisão do Exército no Rio de Janeiro em uma sala improvisada como cela com banheiro privativo, ar-condicionado e quatro refeições ao dia.