O Brasil tem 1,4 milhão de pessoas que atendem pelo nome de Paulo, segundo o IBGE. Dois deles ocupam cadeiras na Câmara dos Deputados e carregam consigo sobrenomes que, no imaginário político brasileiro, representam o oposto do que defendem. No Parlamento, Paulo Freire é bolsonarista; e Paulo Guedes, petista. É que há dois deputados homônimos do educador de esquerda e do ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que Paulo Freire Costa (PL-SP), homônimo do patrono da Educação brasileira que é alvo de bolsonaristas por sua obra ser considerada como parte da estratégia de dominação da esquerda, é um dos deputados que mais votaram de acordo com a orientação do governo de Jair Bolsonaro: 97% das vezes.
O parlamentar Paulo Freire está em seu terceiro mandato. Ele também é presidente da Escola Teológica da Assembleia de Deus, em Campinas (SP), – igreja na qual é pastor, assim como seu pai e irmãos. No campo da Educação, apoiou projetos de lei como o do deputado Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), que propõe a obrigatoriedade do ensino religioso no país. O texto ainda está parado na Comissão de Educação da Câmara e, saindo de lá, ainda precisaria passar pelo plenário.
Paulo Freire, o educador, é conhecido por defender um modelo de ensino que fugisse do que chamava de "educação bancária", em que o professor, detentor do conhecimento, apenas o depositava nos alunos. Para ele, era importante entender a realidade de cada estudante – e ensiná-los a "ler o mundo".
Deputado homônimo diz ser o extremo oposto do ministro da Economia
Xará do ministro da Economia, o deputado Paulo Guedes (PT-MG) se opôs ao governo em 82% das votações, segundo o levantamento do jornal O Estado de S.Paulo.
Os homônimos já se encontraram na Câmara, em audiência na Comissão de Finanças e Tributação na terça-feira. Na ocasião, o parlamentar se manifestou contra a principal bandeira do ministro, a reforma da Previdência. "Frente a frente agora, xará!", brincou ele. "Embora sejamos xarás, somos de extremos bem diferentes, até porque o senhor vem do mercado financeiro e eu venho dos trabalhadores rurais. Eu sou da região mais pobre de Minas Gerais, do Norte de Minas, o Vale do Jequitinhonha."
Nas redes sociais, o parlamentar usa a coincidência de nomes de forma bem humorada. Em uma imagem no Twitter, ele se chama de "Robin Hood do sertão". Já o ministro da Economia, formado na Universidade de Chicago, no Estados Unidos, é classificado como o "Tio Sam Guedes", em alusão ao símbolo nacional americano.
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