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Celso Amorim - Venezuela - Nicolás Maduro - Brasil - Lula
Celso Amorim viajou a Caracas para as eleições na Venezuela e se reuniu com Nicolás Maduro e Edmundo González| Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Enquanto o Brasil pressiona o ditador Nicolás Maduro a entregar as atas eleitorais que comprovem sua reeleição, o assessor para assuntos especiais da presidência, Celso Amorim, afirmou que impor prazos para essa entrega "requer cuidado". O ex-chanceler pontuou que Maduro tem ainda mais seis meses de mandato e que seria "leviano" estipular alguma data para divulgação dessas atas.

"Eu aprendi que na diplomacia não se estabelecem prazos. Eles podem até ser usados, em alguns momentos, mas não são verdadeiros, são apenas um estímulo para que as coisas possam acontecer. Eu acho que não adianta nada eu estabelecer um prazo hoje e depois de amanhã descobrir que as coisas estão evoluindo mas que vão tomar mais tempo", disse Amorim.

As declarações foram feitas nesta quinta-feira (15), durante sua participação na comissão das Relações Exteriores no Senado Federal, após um requerimento da senadora Tereza Cristina (PP-MS). A intenção era ouvir sobre a presença e envolvimento do ex-chanceler no processo de eleições na Venezuela, que ocorreram no dia 28 de julho e foram consideradas pela comunidade internacional como fraudadas.

O ex-chanceler foi o enviado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acompanhar in loco o pleito venezuelano. Apesar de não estar mais à frente do Itamaraty, Amorim é apontado por analistas como o "chanceler de fato" do Brasil devido à sua atuação em questões de relevância geopolítica.

Desde que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Maduro, mas sem comprovar tais resultados, a oposição no país contesta os resultados eleitorais. A divulgação dos chamados "dados desagregados por mesa de votação" também é colocada como condicionante pelo governo brasileiro e outros países da região para reconhecerem os resultados divulgados pelo CNE.

No posto de presidente da Venezuela há mais de uma década, Nicolás Maduro possui forte influência sobre os principais órgãos governamentais do país, o que coloca em xeque a credibilidade dos resultados divulgados pelo CNE. Apesar de Amorim ter afirmado que é necessário ter calma, o embaixador revelou que Maduro tem postergado a entrega dos documentos comprovatórios.

Amorim teria se reunido com o ditador venezuelano na segunda-feira, dia 29, um dia após as pessoas irem às urnas na Venezuela. No encontro, o brasileiro reiterou a importância da divulgação das atas e, em resposta a Amorim, Nicolás Maduro teria afirmado que apresentaria as atas nos próximos dias.

Enquanto o Brasil espera a divulgação, a demora – que já passa de quinze dias – é mal interpretada nos bastidores do Ministério das Relações Exteriores. Amorim, por outro lado, afirma que há uma "evolução real" no processo venezuelano e que é preciso "ter cuidado".

Nesta quinta, enquanto Amorim prestava esclarecimentos no Senado, Lula afirmou que ainda não reconheceu Maduro e que o autocrata "deve explicações". “Ainda não [reconheço], ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso”, disse Lula em uma entrevista à Rádio T de Curitiba.

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