O ex-ministro da Saúde Nelson Teich fez um breve pronunciamento, em coletiva realizada nesta sexta-feira (15), e disse que "a vida é feita de escolhas e, hoje, eu escolhi sair". Em discurso sintético -- menos de dez minutos -- Teich se limitou a agradecer a equipe com quem trabalhou e evitou entrar em polêmicas: não falou nada sobre eventuais diferenças de pensamento entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Eu não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achava que poderia ajudar o Brasil e as pessoas", declarou. Teich ainda agradeceu a Bolsonaro pela oportunidade de ter atuado no ministério, justificando que isso era muito importante para sua carreira, especificamente pelo SUS. Segundo o ex-ministro, ele nasceu graças ao serviço público, estudou em escola pública e fez sua formação como médico em hospital federal.
O ex-ministro ainda disse que deu o melhor de si no período em que ficou à frente da pasta -- não chegou a completar um mês. "Não é uma coisa simples estar a frente de um ministério como este, nesse período difícil”, disse. Ele agradeceu seu time e disse que foi uma honra trabalhar com todos que, segundo Teich, sempre estiveram do seu lado.
Ele ainda frisou que o trabalho da Saúde é tripartite, por envolver o ministério, conselhos e estados/municípios. "É uma luta diária, uma luta intensa, para que a gente consiga auxiliar estados e municípios a passar por isso. E quando falamos em estados e municípios estamos falando dos pacientes, das pessoas”, disse Teich sobre o trabalho diário no ministério.
“Deixo um plano de trabalho, um plano pronto para auxiliar os secretários estaduais, secretários municipais, prefeitos e governadores a tentar entender o que está acontecendo e definir os próximos passos”, declarou o ministro. Pelo seu planejamento, essa semana teria sido apresentado um plano com as diretrizes para avaliar as medidas de isolamento. Não houve consenso com secretários estaduais e o plano foi para a gaveta.
A demissão de Teich
O pedido de demissão de Teich foi comunicado na manhã desta sexta pela própria assessoria do Ministério da Saúde. A divergência em relação à recomendação da cloroquina para o tratamento do coronavírus foi apontada como a principal causa para a saída de Teich do governo de Jair Bolsonaro.
Teich assumiu o ministério em meados de abril, substituindo Luiz Henrique Mandetta, que vinha em uma sucessão de conflitos com o presidente Bolsonaro por discordarem de aspectos fundamentais ao enfrentamento da pandemia, como o isolamento social e o uso de medicamentos para o tratamento da doença – Bolsonaro defende o uso da cloroquina, independentemente das pesquisas médicas sobre a substância.
O nome de Teich foi anunciado no dia 16 de abril e ele tomou posse no dia 17. Menos de um mês depois, deixou a função.
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