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O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) iniciou uma campanha contra o PSD nas redes sociais, mas com ressalvas para alguns políticos do partido. A iniciativa é uma reação à falta de posicionamento da maior parte dos senadores da legenda sobre o impeachment de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa provocou a reação de senadores da sigla, que tentaram se defender da acusação de omissão.
O PSD é comandado pelo Gilberto Kassab e tem a maior bancada no Senado, com 15 senadores em exercício. Em levantamento realizado pela Gazeta do Povo, 10 senadores do partido não quiseram se posicionar sobre o impeachment de Moraes. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, senador do PSD por Minas Gerais, que teria a responsabilidade de pautar um processo de impeachment de um ministro do STF, não se posiciona oficialmente sobre o assunto.
Em um vídeo publicado no último sábado, Nikolas se referiu ao PSD como um dos maiores responsáveis pela continuidade de medidas abusivas no Poder Judiciário. Ele relembrou vários casos que mostram o posicionamento questionável do partido e, principalmente, o silêncio em relação aos pedidos de impeachment de Moraes.
O parlamentar também sugeriu um boicote aos candidatos do PSD que estão concorrendo nessas eleições e são apoiados pelos senadores do partido.
"Não vote no candidato que está sendo apoiado por esses senadores que estão indecisos sobre o impeachment de Moraes. Se os candidatos do PSD não querem o boicote, peçam aos senadores para que se posicionem a favor da democracia e sejam favoráveis ao impeachment de Moraes", disse Nikolas.
A intriga com o PSD reflete na disputa pela prefeitura de São Paulo, já que o candidato à reeleição para o cargo Ricardo Nunes (MDB) aparece na liderança, apoiado pelo PSD. Nunes está empatado tecnicamente com Pablo Marçal (PRTB), outro candidato de direita e ainda preferido por parte dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista ao Poder360, Nunes rebateu às críticas e o boicote sugerido por Nikolas e disse que o deputado tem que cuidar “da casa dele”. “Sabe quantos deputados do PL não assinaram [o pedido de impeachment de Moraes]? 22. Então ele tem que falar do PL, o partido dele. Primeiro, cuida da casa dele. Na política a gente tem que ser muito transparente e verdadeiro. Não sei o que está por trás disso aí”, declarou o prefeito de São Paulo.
Entre as ressalvas de candidatos do PSD, Nikolas citou os concorrente às prefeituras de Londrina e Curitiba, os quais, segundo ele, seriam de direita. Inclusive, ele participou de um ato em apoio à candidatura de Tiago Amaral (PSD-PR) à prefeitura de Londrina, no interior do Paraná. "Peço que avalie e não generalize. Afinal, temos exceções", declarou Nikolas. Em Curitiba, Cristina Graeml, candidata à Prefeitura pelo PMB, questionou a postura de Nikolas de classificar Eduardo Pimentel, candidato do PSD, como sendo de direita. Em post no Instagram, afirmou que Pimentel, atual vice-prefeito, teria sido conivente com pautas de esquerda na cidade, como livros de ideologia de gênero para crianças.
Políticos do PSD rebatem críticas de Nikolas
Os ataques ao PSD desagradaram os senadores do partido e alguns políticos da legenda. O senador Irajá Silvestre (PSD-TO), que prefere não se manifestar sobre o processo de impeachment de Moraes, criticou a postura do deputado Nikolas e apontou "falta de maturidade".
“Quero dizer ao deputado Nikolas Ferreira que lhe falta muita maturidade na vida e na política. O meu país se chama Brasil, não se chama Bolsonaro, nem Lula. Pare de se comportar como um adolescente mimado e revoltado querendo tocar fogo no país”, declarou o parlamentar em um vídeo nas redes sociais.
Sobre as pressões pelo apoio ao impeachment do ministro Alexandre de Moraes, Irajá rebateu dizendo que não há nenhuma votação nesse sentido em tramitação no Senado, sem citar os levantamentos da população sobre o tema. “Você está criando uma fake news”, acrescentou. O senador, depois de críticas, bloqueou os comentários no post.
Em resposta ao senador Irajá, Nikolas disse que não havia acusações, mas que apenas estava cobrando a posição dele sobre um tema importante para o país. “Apenas pedi às pessoas que cobrassem um posicionamento seu, de forma respeitosa, 'sim' ou 'não' a favor de democracia, e o senhor bloqueou os comentários mostrando que não aguenta a pressão”, disse Nikolas.
Já o senador Otto Alencar (PSD-BA), que se posicionou abertamente contra o processo de impeachment de Moraes, respondeu ao vídeo de Nikolas afirmando que "não é hora de tergiversar".