O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu nesta quinta (8) um pedido da Polícia Federal para abrir um inquérito contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por conta de uma fala contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um evento da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano passado.
O documento, que foi distribuído para a análise do ministro Luiz Fux, aponta que o parlamentar pode ter cometido crime de injúria ao chamar o presidente de “ladrão”. A declaração foi dada durante uma reunião de líderes jovens da organização em Nova York.
O pedido de apuração foi feito inicialmente pelo então secretário executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, a partir de uma demanda do próprio presidente.
Nikolas Ferreira não comentou o pedido de abertura de inquérito, apenas republicou nas redes sociais diversas postagens sobre o tema, em uma delas com a legenda “Brasil, 2024”.
Por outro lado, o advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, afirma que o pedido contra o deputado é desnecessário e “torna-se por si só um indevido constrangimento à liberdade de expressão” de Ferreira. Isso, diz, resulta em uma “indesejável autocensura em pleno ano eleitoral”.
“Sua liberdade de expressão ampla está robustecida pela imunidade parlamentar. A conduta de o chamar de ‘ladrão’ ocorreu na ONU, em agenda oficial do deputado, em tom de denúncia contra o presidente, evidenciando que se valia de sua prerrogativa”, disse o advogado.
Ainda segundo Marsiglia, o Poder Judiciário já teria assentado que “xingamentos genéricos, enfáticos ou ácidos” fazem parte do debate político, e que não podem ser vistos como acusações caluniosas. “Inclusive contra presidentes da República, como já ocorrido em anos anteriores com a aceitação pelo judiciário do uso do termo ‘genocida’”, completou.
Durante o discurso na ONU, Nikolas Ferreira criticou algumas políticas de Lula, como a da ideologia de gênero, e reforçou o seu posicionamento contrário ao aborto.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião