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A ministra Nísia Trindade, da Saúde, reconheceu nesta quarta (20) as cobranças feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reunião ministerial de segunda (18) e que houve uma falha no diálogo entre a pasta e os gestores dos hospitais federais do Rio de Janeiro, no ano passado. Ela está no centro de críticas principalmente da oposição por conta do avanço da crise sanitária dos Yanomamis e da epidemia de dengue pelo país.
Apesar da pressão e da possibilidade de que poderia ser demitida, Nísia afirmou que tem a confiança de Lula e que o ministério está “integrado com as ações de governo”.
“A grande cobrança do presidente é que, de fato, nós saibamos como está chegando à sociedade. [...] No caso da Saúde, o presidente reiterou a confiança no meu trabalho e no ministério, que está totalmente integrado nas ações de governo e uma preocupação muito grande com a questão da dengue, com a questão Yanomami, em que estamos fazendo um balanço das ações do primeiro ano, e a questão dos hospitais do Rio de Janeiro, que ele teve a oportunidade de fazer a primeira intervenção”, disse Nísia em entrevista à GloboNews.
Nísia reconheceu a falha do primeiro ano do governo Lula 3 na questão dos hospitais federais no Rio, afirmando que “altou diálogo com os diretores, faltou um acompanhamento mais próximo, e nós estamos num momento de rever tudo isso [...] para que esses hospitais ofereçam o serviço que a população precisa”.
Na última segunda (18), o então chefe do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Rio, Alexandre Telles, foi exonerado do cargo após uma série de notícias sobre a precariedade dos hospitais federais no estado. A demissão, segundo a ministra, ocorreu por ele não solucionar “pontos críticos” apontados pelo ministério.
“Houve sim avanços em alguns pontos trabalhados junto ao secretário Helvécio Magalhães, como abertura de leitos em um dos hospitais. Houve outras ações para superar a crise, mas não foram suficientes”, explicou a ministra.
Uma nota técnica do DGH de setembro de 2023 apontou diversas irregularidades na rede, como contratação de serviços com preços superiores aos praticados no mercado e desclassificação de empresas sem justificativa técnica plausível.
Diante das irregularidades, o ministério criou um comitê para coordenar uma intervenção nas seis unidades, visando promover o diálogo e propor melhorias na governança. Além disso, centralizou os processos de aquisição de medicamentos, insumos e contratação de obras nos hospitais no DGH.
O chefe do comitê, Helvécio Magalhães, foi exonerado após Telles, devido a denúncias de nomeações sem critérios técnicos nas unidades de saúde.
“A sua exoneração se deu ao fato de que uma avaliação de um descuido nesse momento era algo que fragilizava muito o próprio comitê gestor e ações do Ministério da Saúde”, explicou Nísia Trindade.
A ministra negou que haja uma “limpeza” no ministério, mas afirmou que haverá uma “revisão cuidadosa” dos nomes nas direções dos hospitais federais, visando garantir mais eficiência.