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Parceria

Na China, Mourão busca agradar investidores e sinaliza adesão do Brasil à Nova Rota da Seda

Mourão na Bolsa de Valores de Xangai
Vice-presidente da República, general Mourão buscou agradar investidores e sinalizou entrada do Brasil na Nova Rota da Seda durante visita à Bolsa de Valores de Xangai. (Foto: ADNILTON FARIAS / VPR)

Em viagem oficial, o vice-presidente general Hamilton Mourão discursou na Bolsa de Valores de Xangai, nesta segunda-feira (20), e defendeu liberalização econômica para recuperar a saúde financeira, durante seminário de promoção do mercado financeiro brasileiro.

Em inglês, o vice-presidente falou por seis minutos sobre a reforma do sistema fiscal, privatizações e concessões públicas em energia e infraestrutura. Discursar em língua estrangeira foge da regra adotada por funcionários do alto escalão que visitaram a Bolsa chinesa na última década.

A decisão de dispensar tradução simultânea para a plateia formada por algumas dezenas de empresários, executivos e membros da delegação brasileira foi sentida como um esforço para mostrar dinamismo e desenvoltura em uma viagem oficial que tem como objetivo melhorar as relações do Brasil com a China e atrair investidores.

Mourão participou da cerimônia de assinatura de um convênio entre a B3 e a Bolsa de Xangai. Uma parceria entre as duas bolsas já havia sido firmada há quase um ano e um lançamento do acordo de disseminação de dados de mercado feito em outubro.

Antes, ele visitou a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco do Brics, e teve uma breve reunião com o presidente da instituição.

Brasil na Nova Rota da Seda

Ao chegar ao país, Mourão disse que está aberto a propostas de investimentos em infraestruturas, sinalizando que o Brasil pode vir a aderir à Nova Rota da Seda, iniciativa multimilionária que é o maior projeto do governo Xi Jinping.

José Buainain Sarquis, vice-presidente do NDB, afirmou que, caso o Brasil integre a iniciativa chinesa Nova Rota da Seda, não haverá impacto na atuação da instituição financeira criada pelas cinco maiores potências emergentes - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "Vai se desenvolver sem julgar escopo geográfico".

"A Nova Rota da Seda não muda significativamente as condições de operação do banco", defende. O NDB deve aceitar novos integrantes até 2021 e está "aberto a todos os membros da ONU". "O banco tem recebido manifestações de interesse de diversos países e dará primeiros passos concretos rumo à expansão".

Segundo Sarquis, os Brics concentram 40% da demanda de infraestrutura do mundo. Esse ano, NDB aprovou US$ 621 milhões em projetos brasileiros de financiamento do setor público e privado. "O Brasil é o país que mais recebeu desembolsos efetivos do banco".

Um escritório da instituição em São Paulo deve começar a operar até o fim do ano. Empréstimos em yuan já acontecem, mas o banco pretende passar a oferecer financiamento em reais e em todas as moedas locais dos países membros. "É uma vantagem para promover o investimento em infraestrutura nacionalmente".

Investimentos sustentáveis - como energia renovável e saneamento - têm sido o foco dos projetos aprovados, mas Sarquis não vê descompasso com as prioridades do novo governo.

"Uma das maiorias dificuldades é a distância, a ausência de capacidade de ação local na prospecção de projetos e o fato de o Brasil ter restrições de captação no sistema público. O banco esta aprendendo a operar no Brasil. Cada país tem suas particularidades".

Agenda de Mourão: em Pequim e em Xangai

Mourão retornou para Pequim no mesmo dia, logo depois de um encontro confirmado de última hora com o prefeito de Xangai, Ying Yong. A viagem relâmpago para a segunda maior cidade da China foi feita de avião. O vice-presidente não testou um dos trens de passageiros mais rápidos do mundo que conecta em 4h os mais 1.300 km entre Xangai e a capital chinesa.

Mourão chegou à China no domingo (19) e fez um passeio pela Cidade Proibida na companhia do Embaixador do Brasil na China, Paulo Estivallet de Mesquita.

O vice-presidente vai entregar uma carta pessoal do presidente Jair Bolsonaro ao presidente chinês Xi Jinping e presidir a plenária da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), mecanismo paralisado há quatro anos.

Na chegada, ele desconsiderou especulações sobre o texto compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais na última semana.

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