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O novo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, afirmou que o resultado das urnas deve ser respeitado, independente do presidente eleito. Paiva, de 62 anos, assumiu o lugar do general Júlio Cesar de Arruda, demitido neste sábado pelo presidente Lula (PT). A declaração do militar foi feita na quarta-feira (18), durante uma cerimônia em homenagem aos militares mortos no dia 12 de janeiro de 2010 após um terremoto no Haiti, em evento realizado no Quartel-General Integrado, em São Paulo.
“Hoje, no dia de hoje, nesses últimos dias, a gente está vivendo uma espécie de terremoto no Brasil. Que é um terremoto de outra origem. Um terremoto político. Um terremoto político que não causou nenhuma vítima fatal, mas causa feridas, causa mortes. Primeiro, porque é movido pelo ambiente virtual que não tem freios. E todos nós hoje somos escravos do ambiente virtual. Todos nós frequentamos redes sociais, todos nós somos hiperinformados por diversos grupos que a gente frequenta: WhatsApp, Facebook, Instagram, tudo. E essa avalanche de coisas, da informações, o excesso de informação, só tem um remédio, que é mais informação. É se informar com qualidade. É buscar fontes fidedignas”, disse o general.
Paiva afirmou ainda que esse “terremoto” estava tentando “matar” a hierarquia e disciplina das Forças Armadas. “Então essa violência, essa incoerência, esses desrespeito, têm nos atacado. Esse terremoto está tentando matar a nossa coesão, a nossa hierarquia e disciplina, o nosso profissionalismo, o respeito que a gente tem, o orgulho que a gente tem de vestir essa farda. E não vai conseguir”, disse. "Ser militar é isso. É ser profissional. É respeitar a hierarquia e disciplina. É ser coeso. É ser íntegro. É ter espírito de corpo. É defender a pátria. É ser uma instituição de Estado. Apolítica, apartidária", declarou.
Militar não pode manifestar opinião, diz Paiva
Ainda durante seu discurso, Paiva afirmou que não interessa quem está no comando, pois as Forças Armadas iriam continuar cumprindo sua missão. O general afirmou ainda que os militares podem ter opinião, mas não podem manifestá-las.
“Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar. É não ter corrente. Isso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa exercer o seu direito, ter sua opinião. Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, mas ele faz o que é correto. Mesmo que o correto seja impopular”, disse.
De acordo com o general, é necessário respeitar o resultado das urnas, mesmo que não seja o esperado. “No que pese turbilhão, terremotos, tsunamis, não vamos continuar íntegros, coesos, respeitosos e garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais, políticas públicas e também é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna”, afirmou Paiva.
“Não interessa. Tem que respeitar. É isso que se faz. Essa é a convicção que a gente tem que ter. Mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta. Nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel de quem é instituição de Estado. Instituição que respeita os valores da pátria, como de Estado", finalizou o novo comandante do Exército.
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