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O novo diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, tomou posse do cargo no final da manhã desta terça (10), em uma cerimônia na sede da corporação em Brasília com a presença de muitas autoridades, entre elas Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, que proferiram discursos duros sobre os protestos do último domingo (8).
Policial federal de carreira desde 2002, Rodrigues atuou como chefe da equipe de segurança do então candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e era cotado ainda durante a transição de governo para assumir o cargo. Ele assume o cargo deixado por Márcio Nunes de Oliveira, nomeado por Jair Bolsonaro em fevereiro de 2022.
Durante o discurso de posse, o agora novo diretor-geral da PF afirmou que não permitirá a interferência ou a pressão de “agentes públicos, grupos ou holofotes da mídia” e que nenhum desvio de finalidade será tolerado. Rodrigues ressaltou que a corporação é uma “legítima instituição de Estado, consciente da sua missão constitucional”.
Andrei Rodrigues afirmou que há “muitos desafios” a serem enfrentados daqui para a frente, principalmente no combate à desinformação e à disseminação de fakes news. “Essa problemática, em especial, a disseminação criminosa da mentira no mundo digital, nos é particularmente desafiadora [...] porque demonstrou, em acontecimentos recentes, sua efetiva nocividade”, completou citando os protestos violentos que depredaram as sedes dos Três Poderes no último domingo (8) e o ataque à superintendência da PF por vândalos em dezembro do ano passado.
“A violência virtual mostrou a sua face real e materializou-se perigosamente diante de todos nós. As palavras de ódio se concretizaram em ações tangíveis que ameaçaram o edifício do Estado Democrático de Direito. Felizmente, nossas instituições resistiram”, ressaltou.
O delegado afirmou, ainda, que sua gestão será pautada em três pilares: pessoas, governança e transformação organizacional. Em especial, as mulheres e homens “que enfrentam os desafios cotidianos de segurança pública em nosso país, que fazem o juramento de sacrificar a própria vida se assim for preciso”, citando o enfrentamento a crimes como tráfico de armas drogas, combate aos crimes de ódio, corrupção e “dilapidação do patrimônio público”, entre outros.
Prisão de manifestantes não é uma “colônia de férias”, disse Moraes na posse
Durante a posse de Andrei Rodrigues, o ministro Alexandre de Moraes fez um duro discurso contra os manifestantes que promoveram o protesto violento do último domingo (8), em Brasília, e afirmou que a Polícia Federal e o Judiciário precisam combater “firmemente o terrorismo, as pessoas antidemocráticas, as que querem dar o golpe, um regime de exceção”.
“Não achem esses terroristas que, até domingo, faziam baderna e crimes, e agora reclamam porque estão presos querendo que a prisão seja uma colônia de férias, não achem que as instituições vão fraquejar. As instituições vão punir todos os responsáveis, todos aqueles que praticaram os atos, aqueles que planejaram os atos, que financiaram os atos e aqueles que incentivaram por ação ou omissão”, disparou.
Ao que foi complementado pelo ministro Flávio Dino, que disse que o novo diretor-geral e toda a PF estão “investidos exatamente dessa responsabilidade”.
Dino afirmou, ainda, que independente da preferência político-eleitoral e ideológica, todos os brasileiros têm “princípios processuais penais e éticos a cumprir”, e que não permitirá que “sabores individuais, ideologias e preferências eleitorais contaminem as instituições brasileiras, porque nós vimos a tragédia”.
“Estamos num momento em que nós somos desafiados por situações inéditas. Vejo com muita curiosidade analistas dizendo ‘mas como invadiram o Congresso, o Supremo e o Palácio do Planalto’. Invadiram o Capitólio, nos Estados Unidos. O fenômeno é o mesmo”, completou o ministro agradecendo ao trabalho da Polícia Federal pela resposta aos atos do domingo (8).
Novas ações à frente da PF
Entre as novas medidas anunciadas durante o discurso de posse, o novo diretor-geral afirmou que os cursos de ingresso na corporação passarão por uma completa reformulação, com a criação de uma nova Academia Nacional de Polícia (ANP); a valorização da cultura organizacional; o senso de pertencimento à organização, e uma maior participação das mulheres na gestão.
“Teremos duas diretoras pela primeira vez na história da Polícia Federal e um maior número de superintendentes mulheres”, disse.
Rodrigues também disse que adotará um novo modelo de governança do órgão, com um maior uso de dados, desburocratização, novas tecnologias, planejamento de cenários para o futuro e gestão por resultados – sem mencionar como será a mensuração.