Paulo Guedes já escolheu o substituto de Joaquim Levy como novo presidente do BNDES: Gustavo Henrique Moreira Montezano. Mestre em Economia, Montezano já estava na equipe econômica: era secretário especial adjunto da Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento.
A informação foi confirmada pelo Ministério da Economia, e o nome agora segue para o Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em nota, o ministério destacou a experiência pública e privada do executivo Gustavo Montezano, de 38 anos:
“Graduado em engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e Mestre em Finanças pelo Ibmec, Montezano tem 17 anos de carreira no mercado financeiro”.
O nome de Montezano não estava entre os aguardados pelo mercado. Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Conselho do BNDES, Salim Mattar, secretário Especial de Desestatização, e Solange Vieira, atual superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados), estavam entre os mais cotados para vaga.
Quem é o novo presidente do BNDES
Gustavo Montezano foi nomeado em fevereiro para ser secretário especial adjunto da Secretaria de Desestatização e Desinvestimentos do ministério da Economia. Ele estava logo abaixo de Salim Mattar, que estava entre os nomes cotados. O empecilho foi o fato de o banco ter participação na Localiza, a locadora de carros. A empresa foi fundada por Mattar e ele ainda tem participação na companhia, o que o impedia de assumir o cargo. A opção imediata foi, então, o secretário adjunto.
Montezano foi sócio do BGT Pactual, banco que teve entre os seus fundadores o ministro da Economia, Paulo Guedes. No BTG, Montezano era responsável pela divisão de credito corporativo e estruturados, em São Paulo. Ele também atuou como diretor-executivo da área de commodities em Londres. Antes, iniciou sua carreira como analista de Private Equity no Opportunity no Rio de Janeiro.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, a substituição de Joaquim Levy por Montezano aconteceu em "função do interesse público e capacidade de colocar os projetos em andamento com vistas a atingir os resultados estabelecidos anteriormente".
Ainda segundo Barros, uma das principais medidas que deverá ser implementada pelo novo presidente do banco será a devolução de recursos para o Tesouro Nacional. O governo cobra R$ 126 bilhões, fruto de empréstimos feitos durante o governo Dilma Rousseff.
O novo presidente também deverá, segundo Barros, "aumentar investimentos em infra e saneamento, ajudar a restruturar, 'abrir a caixa-preta do passado', apontando para onde foram investidos em Cuba e na Venezuela, por exemplo".
Apesar de não ter sido tão cogitado pelas apostas do mercado financeiro, Montezano tem a confiança não apenas do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas também de seu agora seu ex-chefe, Salim Mattar.
Saída de Levy
Com a nomeação do novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, o ministério da Economia tenta dar uma resposta rápida ao mercado e evitar a abertura de uma crise com a demissão de demissão de Joaquim Levy do comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ocorrida no último final de semana.
A saída de Levy teve como justificativa oficial uma nomeação realizada pelo ex-presidente da instituição. Levy escolheu o advogado Marcos Barbosa Pinto. O jurista trabalhou no banco durante os governos do PT, para uma das diretorias do BNDES, o que deixou Bolsonaro irritado. “Já estou por aqui com o Levy”, disse o presidente no sábado. No domingo, Levy pediu demissão do cargo.
Contudo, essa não foi a única justificativa para a saída. Houve ainda a promessa de devassa em empréstimos do BNDES, a menor devolução do que o previsto de recursos para o tesouro e a venda de participações do banco de desenvolvimento.