Ouça este conteúdo
O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defendeu que seu partido deixe a base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 2026. A fala vai de encontro ao que disse o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, ao defender um projeto próprio e flertar fortemente com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Nunes afirmou que “não tem o menor sentido” ele apoiar a reeleição de Lula ou o PT, e que eles “agiram de forma muito contundente contra a minha candidatura”. “É natural, e óbvio, que eu vou defender quem me apoiou. E quem me apoiou foi o Tarcísio, quem me apoiou foi o presidente [Jair] Bolsonaro”, disse Nunes em entrevista ao Estadão publicada nesta quarta (30).
A saída do MDB da base aliada, no entanto, pode custar caro ao partido. A legenda ocupa três ministérios na Esplanada, sendo o principal deles o Planejamento e Orçamento de Simone Tebet, presidenciável em 2022 que ficou em terceiro lugar na disputa. A sigla também conta com Cidades (Jader Filho) e Transportes (Renan Filho).
Aliás, Nunes criticou Tebet por ter aderido à campanha de Lula no segundo turno de 2022, dizendo que faltou diálogo por parte dela. “Ela era candidata do meu partido, eu fiz campanha para ela, ela teve muito mais votos aqui do que na terra dela. Na hora de declarar apoio, ela poderia pelo menos ter conversado [comigo]”, disparou.
No entanto, o prefeito reeleito de São Paulo diz que não é o único dentro do MDB favorável a desembarcar do projeto de reeleição de Lula. Ele disse que já conversou também com o prefeito reeleito de Porto Alegre, o correlegionário Sebastião Melo, que teria incentivado o uso de sua “força política”.
“É muito cedo. Eu vou fazer o meu trabalho para não ir [a um eventual palanque de Lula]. Eu posso ter sucesso ou não”, pontuou.
Ricardo Nunes também afirmou que o governo Lula “extrapolou” o apoio a Guilherme Boulos (Psol) em São Paulo ao endossar um vídeo com a primeira-dama, Janja da Silva, mencionando um boletim de ocorrência registrado em 2011 pela esposa do prefeito por suposta violência doméstica.
“A mulher do presidente fez um vídeo totalmente fake news um dia antes da eleição para atacar a mim e à minha esposa. Não é correto isso. Eu levei a campanha com muito respeito, colocando minhas posições e diferenças com relação aos adversários, mas sem levar para a baixaria e para esse ponto de desespero”, emendou.
Ele ainda diz esperar que o governo Lula trate São Paulo com uma “relação republicana”, com a liberação de recursos do Novo PAC e discutir a questão da concessionária Enel, de energia elétrica, que ele quer cancelar na capital.
“A liberação dos casos que a gente tem no PAC, que até agora não saiu nada, a questão da Enel é fundamental. Quando o governo federal deixa de assumir a sua responsabilidade, porque é deles, prejudica o povo da cidade de São Paulo e de outros 23 municípios”, completou.