O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) participou nos Estados Unidos de um painel sobre as crises recentes na América Latina, e é claro que a Venezuela foi um dos principais assuntos. Um possível apoio do governo brasileiro à uma intervenção americana no país vizinho foi criticada por FHC. “A experiência histórica nos demonstrou que quando temos uma ação militar que vem de fora não traz resultados positivos, ou leva muito tempo para dar”, afirmou, citando exemplos das guerras na Líbia e Iraque. “Se paga um preço muito elevado ao usar a força militar. E quem vai pagar? O povo venezuelano e nós também vamos pagar um certo preço.”
Fernando Henrique está em Boston participando da Brazil Conference, evento que também contará com a presença do atual vice-presidente Hamilton Mourão. Em entrevista coletiva, no sábado (6), Mourão também sem posicionou contra uma ação militar. “Nós temos deixado claro, e ficou claro no Grupo de Lima, que é o foro responsável em discutir essa situação, que nós não estamos pensando na opção militar.”
FHC foi presidente do Brasil entre 1995 e 2002 - nos últimos três anos do seu mandato, a Venezuela já estava sob regime Chavista. O ex-presidente brasileiro definiu que Hugo Chávez “era um cara impulsivo, mas que tinha uma visão e capacidade de falar, diferentemente de Nicolás Maduro que o sucedeu”.
Um possível conflito na Venezuela é visto pelo ex-presidente como uma disputa de poder e tecnológica entre Estados Unidos, Rússia e China, e que o Brasil tem que saber jogar o jogo. “Acho que o governo do Brasil tem uma responsabilidade. Tem que se dar conta que há interesses grandes que não são os nossos necessariamente. E que, principalmente, a Venezuela vai seguir sendo vizinho nosso para sempre, geograficamente. E essas marcas são fortes. Dependendo do que se faça no presente, se paga um preço muito caro no futuro.”
Um dos exemplos citados por FHC foi o apoio militar que o Brasil deu aos Estados Unidos na invasão à República Dominicana em 1965. “Foi uma ação bélica, e nos custou para reestabelecer um certo equilíbrio e prestígio internacional com a comunidade latino-americana por ter participado de uma ação militar na Republica Dominicana. Não acho que seja o melhor caminho uma intervenção militar na Venezuela”. Ele também explicou que uma ação militar na Venezuela seria algo completamente diferente da Missão de Paz no Haiti que durou de 2004 à 2017.
Após três dias de painéis e palestras, Brazil Conferece encerra neste domingo (7) com a palestra do vice-presidente Hamilton Mourão.
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