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Os organizadores das manifestações de 7 de setembro prometem fazer um dia de atos pelo país em defesa da democracia, da Constituição, da liberdade e das instituições. Pautas como a defesa do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de decisões desfavoráveis ao governo ou ao presidente Jair Bolsonaro e intervenção militar não entrarão em pauta.
O movimento Nas Ruas, o principal organizador dos atos de 7 de setembro pelo país, estampará em seu caminhão na Avenida Paulista — que deve reunir o maior número de pessoas — uma faixa com a frase "em defesa da democracia, de nossa Constituição, de nossa liberdade e de nossas instituições".
O porta-voz do Nas Ruas, Tomé Abduch, explica à Gazeta do Povo que os atos manterão o mesmo tom das outras mobilizações da direita. "Pacíficas, educadas, envolvendo a família brasileira, todos de verde e amarelo, sempre defendendo a democracia. Ninguém está indo para a rua defender nada que seja antidemocrático", sustenta.
Os organizadores têm a confiança de que os brasileiros que irão às ruas manterão o tom pacífico e educado. De toda a forma, na hipótese de excessos, a organização na Avenida Paulista promete ressarcir danos ao patrimônio público. "É importante deixar claro que qualquer tipo de atitude que envolva vandalismo e, eventualmente, alguma situação de descuido com o patrimônio público, será totalmente ressarcido por nós", diz Abduch.
Quais as expectativas para os atos de 7 de setembro pelo país
Os atos em 7 de setembro terão pessoas nas ruas e trios elétricos e carros de som nas principais capitais. O avanço da vacinação contra a Covid-19, que levou a uma queda de infecções, estimulou muitos a se manifestarem em pelo menos 110 cidades, no último 1º de agosto, em defesa do voto impresso auditável.
A expectativa dos organizadores é que os atos do Dia da Independência tenham maior adesão em comparação aos do início deste mês. "Não tenha dúvidas, esperamos mais pessoas. Primeiro de agosto foi ainda uma mobilização que o país não estava como estamos hoje, a situação está muito mais aquecida neste momento. As pessoas, agora, veem a necessidade de ir às ruas para mostrar seus anseios", explica Abduch.
O mapeamento feito pelo Nas Ruas nas redes sociais desde a convocação das manifestações de 7 de setembro é o que leva o movimento a crer em uma grande adesão pelo país. Abduch não aponta um número estimado de pessoas, mas afirma que o monitoramento nas mídias mostra uma mobilização significativa.
"A gente vê pela mobilização nas redes, que já é maior em comparação com as manifestações contra a ex-presidente Dilma. Mas não tem como prever número de pessoas. O monitoramento ocorre desde que resolvemos programar a manifestação, e cresce cada vez mais", diz.
O porta-voz do Nas Ruas considera que os últimos anos foram muito importantes para a democracia do país e a politização dos brasileiros. Esse é outro motivo apontado por Abduch para a aposta de uma grande mobilização no Dia da Independência. "As pessoas entendem o que acontece com o Brasil e a importância de as decisões serem pautadas dentro da democracia e da nossa Constituição. Desde que as interpretações estejam de acordo com a constituinte e os anseios da nossa sociedade", analisa.
Ataques às instituições e intervenção militar não estão na agenda do 7/9
Os organizadores dos atos de 7 de setembro não vão incentivar ataques às instituições. Dentro do tom pacífico prometido não estão previstas agressões diretas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. "Não acontecerão de forma alguma ataques às instituições", afirma Abduch. "Precisamos de instituições fortes", acrescenta.
O porta-voz do Nas Ruas diz que o povo irá às ruas para defender e mostrar às instituições quais são os anseios da sociedade. "E que nós, como quarto poder, o poder que emana do povo, vamos pedir aos governantes e pessoas com poder de tomada de decisões que decidam de acordo com os anseios da sociedade e dentro de nossa Constituição", explica Abudch.
Mesmo que uma parte dos manifestantes possa vir a defender uma intervenção militar, ou mesmo uma interpretação do artigo 142 para que as Forças Armadas atuem como poder moderador a pedido do presidente Jair Bolsonaro, Abudch deixa claro que essa demanda não terá o apoio dos organizadores. Ele tampouco acredita que isso será uma pauta da maioria dos manifestantes.
"A grande maioria das pessoas de bem não querem que se utilize o artigo 142. Querem que se cumpra as leis, de tal forma que suas interpretações sejam de acordo com os anseios da sociedade. Ninguém é a favor da intervenção, ninguém quer isso", afirma Abduch. "Quem quer é uma minoria radical", analisa o porta-voz.
Os organizadores acreditam que as ruas demonstrarão um desejo por representatividade pelas instituições. "As pessoas querem que seus representantes cuidem da população e façam com que ela se sinta segura, com a tomada de decisões de acordo com as interpretações de nossas leis, de tal forma que as pessoas se sintam seguras. E não que tais decisões devolvam para as ruas pessoas que tanto mal fizeram ao nosso país, que assaltaram a nossa nação", diz Abduch.
Qual é a programação dos atos, quem foi convidado e como será a segurança
Diferentemente da manifestação de 1º de agosto, que aconteceu em 113 cidades, a tendência é que haja menos atos pelo país em 7 de setembro. Isso não significa que terão menos pessoas nas ruas. O Nas Ruas informa em suas redes sociais que manifestantes de 56 cidades de outros estados estarão presentes na Avenida Paulista. Do estado de São Paulo, terão manifestantes de 101 cidades.
Além da Avenida Paulista, são esperados atos em outras 10 capitais. A ideia de fortalecer a manifestação em São Paulo foi tomada pelo Nas Ruas para mostrar a "força do povo brasileiro", explica Tomé Abduch. "Porém, existem muitos movimentos orgânicos em outras cidades que também querem se manifestar em suas cidades, principalmente as pessoas que não podem ir a São Paulo por conta da distância ou de condição financeira", destaca o porta-voz do Nas Ruas.
Para a Avenida Paulista, foram convidados Bolsonaro, deputados federais, senadores e demais autoridades conservadoras identificadas com os atos. Abduch afirma que soube da confirmação do presidente da República no ato na capital paulista pela imprensa. Não recebeu uma confirmação oficial das autoridades convidadas.
O ato na Paulista começa a partir das 14h e tem previsão de término às 17h. Tudo foi previamente comunicado às autoridades responsáveis do governo de São Paulo. "Pedimos a autorização para a manifestação à Polícia Militar e ao Detran. Ambos estão sempre muito solícitos para que nos ajude a organizar e manter a segurança de todos os participantes", afirma Abduch.