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O que está na pauta e quem organiza os atos pró-Bolsonaro do dia 26

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(Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP)

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) convocaram manifestações de apoio ao governo para o próximo domingo (26) em todo o país. O próprio presidente cogitou participar dos atos, mas a informação foi negada por integrantes do PSL.

O líder do partido na Câmara, Delegado Waldir, diz que não se deve “misturar governo com manifestações de rua”. O deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) também acredita que Bolsonaro não deve participar dos atos. "Na minha opinião, ele não deveria participar. Deveria deixar de fato que o povo mostre seus anseios", afirmou.

Apesar de algumas divergências sobre a participação, a maior parte dos integrantes do PSL é favorável a ir às ruas. A bancada da sigla na Câmara se reúne na tarde desta terça-feira (21) para discutir o tema e traçar estratégias em cada estado.

Figuras importantes do partido, como o presidente da sigla, Luciano Bivar, e a deputada estadual Janaína Paschoal, já se posicionaram contra a manifestação convocada a favor do presidente. O tom usado inicialmente, focado em críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a setores do Congresso Nacional como o centrão, não agradou parte dos deputados da sigla, nem antigos aliados do presidente, que se afastaram dos atos previstos para o fim de semana.

Qual é a agenda do protesto?

Inicialmente, as pautas das manifestações incluíam o pedido de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Também havia críticas genéricas ao Congresso Nacional, que acabaram se concentrando nos partidos que formam o centrão.

Parte da mobilização vem indiretamente do presidente, que compartilhou na sexta-feira (17) um texto atacando as instituições da República e afirmando que o país está “ingovernável”.

Nesta semana, Bolsonaro voltou a atacar a classe política, culpando os políticos pelos fracassos do governo, que não consegue abrir um canal de diálogo com o Congresso.

Com movimentos de direita rachados, grupos adaptaram o discurso para excluir motes considerados radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo. O foco político atual, oficialmente, se fecha no centrão, que será apontado como responsável por paralisar o governo.

As convocações falam também em demonstrar apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro, pedir a continuidade da Operação Lava Jato e defender a obrigação do voto nominal como estratégia para constranger parlamentares em projetos polêmicos.

Outra causa que move os manifestantes é a aprovação da medida provisória 870, que enxuga a estrutura do governo.

Para o deputado Filipe Barros (PSL-PR), as pautas mais urgentes são a aprovação da MP 870, que reestruturou os ministérios, e a aprovação da Reforma da Previdência. O lema das manifestações, segundo o parlamentar, é "Reformas Já!".

A deputada Carla Zambelli também afirma que não está na pauta das manifestações de domingo um ataque generalizado ao centrão. "As manifestações têm gerado um certo desconforto no Congresso com receio de ataque ao centrão", reconhece a parlamentar. "Existe alguns caciques do centrão que têm agido de forma a tentar boicotar a agenda do governo e essas pessoas serão atacadas na manifestação. Não há uma demonização do centrão, não é generalizado", garante a deputada.

Zambelli também negou que o tom dos protestos seja a radicalização. "Existem pautas oficiais de todas as manifestações. Quando a gente vê uma pauta com eco nacional sempre tem alguns movimentos ou pessoas isoladas que tentam dar outras pautas para aquilo ali", disse. Segundo a deputada, a pauta oficial da manifestação é o apoio à Reforma da Previdência, ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro e a aprovação rápida da MP 870 - que reestrutura os ministérios.

Quem comanda a organização?

Na linha de frente da mobilização estão grupos como Ativistas Independentes, Direita São Paulo e Patriotas Lobo Brasil, todos com forte representação nas redes sociais. O Clube Militar também se engajou na causa, em nome das "reformas necessárias à governabilidade".

Quais forças políticas apoiam os atos?

A bancada do PSL na Câmara dos Deputados se reúne nesta terça-feira (21) para decidir se embarca ou não nas manifestações de domingo. O líder do partido, Delegado Waldir, diz que a maioria dos integrantes da bancada é favorável a participar dos atos, mas há opiniões divergentes.

Segundo a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), apenas três integrantes do PSL declararam que não vão participar dos atos: a deputada estadual de São Paulo, Janaína Paschoal, a líder do governo no Congresso, deputada federal Joice Hasselmann e o deputado federal Alexandre Frota. Os demais, segundo Zambelli, devem ir para as ruas no domingo.

Parte dos parlamentares do PSL na Câmara e no Senado usaram as redes sociais para declarar apoio às manifestações e chamar para os atos. É o caso dos deputados Coronel Tadeu (PSL-SP), Márcio Labre (PSL-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP) e dos senadores Major Olímpio (PSL-SP) e Selma Arruda (PSL-MT), por exemplo.

Quem são os aliados de Bolsonaro contrários às manifestações?

O presidente do PSL, Luciano Bivar, afirmou que não há sentido nas manifestações agendadas para o próximo domingo em defesa do presidente Jair Bolsonaro. Bivar falou que as pessoas não precisam ir às ruas para defender Bolsonaro porque o presidente não teria cometido nenhum crime e já poderia contar com a população através das redes sociais. "Para que tirar o povo para uma coisa que já está dentro de casa? Já ganhamos as eleições, já passou isso aí."

Dentro do PSL há divergências sobre a participação ou não nos protestos. A deputada estadual Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e uma das deputadas mais votadas do PSL, se posicionou contra as manifestações.

"Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!", escreveu a deputada no Twitter . "Àqueles que amam o Brasil, eu rogo: não se permitam usar! Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita", continuou. “Acordem! Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para trabalhar", disse, ainda, a deputada, que chegou a ser cotada para ser vice-presidente de Bolsonaro.

Empresários parceiros de Bolsonaro, como Flávio Rocha, dono da Riachuelo e membro do Brasil 200, também se afastaram das manifestações por causa do tom das pautas iniciais.

Movimentos com estrutura mais robusta, como MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem pra Rua), que atuaram como indutores dos protestos pela queda de Dilma (PT), evitaram aderir à iniciativa.

A principal justificativa para pularem fora foi a de existir radicalismo nas propostas contra Legislativo e STF.

"O movimento liberal não compactua nem com o fechamento do Congresso nem com o fechamento do Supremo", diz o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), face mais pública do MBL.

"Você pode e deve criticar atitudes de membros dessas instituições, mas nunca demonizá-las. Presidente que se diz conservador não pode atropelar a instituição democrática", segue o parlamentar, um dos fundadores do movimento.

Na sexta-feira (17), o grupo divulgou nota criticando o que chamou de "estranha manifestação" que acabaria por prejudicar a já estremecida relação com o Parlamento e, consequentemente, dificultar a aprovação das reformas.

O Vem pra Rua chegou a ser procurado para se envolver na convocação de domingo, mas se retirou quando notou "o absurdo que eram as pautas", segundo Adelaide Oliveira, coordenadora nacional.

Embora parte das bandeiras de agora seja empunhada também pelo VPR, o grupo decidiu ficar fora porque, segundo Adelaide, o protesto "virou um ato claramente pró-Bolsonaro". E a entidade, explica ela, "é suprapartidária, não defende políticos ou pessoas, mas ideias e projetos".

Qual é o contexto político dos atos?

Bolsonaro tem enfrentado uma série de dificuldades de negociação com o Congresso. Até agora, o governo não teve sua reforma administrativa, que enxuga a Esplanada dos Ministérios, aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado.

O Congresso também já sinalizou que vai rever o decreto de Bolsonaro que trata da posse e do porte de armas para diversas categorias, como caminhoneiros, advogados e jornalistas, por exemplo.

O governo também sofreu uma derrota na convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para explicar o contingenciamento de recursos para universidades federais.

Enquanto Weintraub se explicava no Congresso, milhares de pessoas foram às ruas em mais de 200 cidades do país contra os cortes - inflamados pelo próprio presidente, que chamou os manifestantes de “idiotas úteis” e “massa de manobra”.

Foi a primeira vez desde a redemocratização que houve protestos tão volumosos em tão pouco tempo de mandato. Bolsonaro está prestes a completar cinco meses de mandato.

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