Depois de ser criticado por instituições financeiras internacionais por sua política para o meio ambiente, o governo Bolsonaro prepara uma resposta para melhorar a imagem ambiental do país no exterior. Investidores internacionais e do país vêm alertando o governo nas últimas semanas sobre as falhas do Brasil no combate ao desmatamento. Os alertas trazem junto uma ameaça de o país perder investimentos por causa disso.
Nesta quinta-feira (9), o vice-presidente Hamilton Mourão vai se reunir com fundos de investimentos e de pensão internacionais para explicar a situação da floresta amazônica.
“Em primeiro lugar, o pessoal desconhece o que é a Amazônia na realidade. Vamos mostrar o que é a Amazônia Legal, o que é o Bioma Amazônico, a quantidade de terras protegidas, de terras indígenas, qual é o planejamento [do governo para o meio ambiente]”, afirmou ele ao jornal Valor Econômico.
Para afinar a posição do governo, Mourão se reuniu nesta semana com os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura), Braga Netto (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Sergio Ricardo Segovia.
Mourão tentará explicar também aos investidores estrangeiros a questão da mineração em terras indígenas, que é “prevista na Constituição, mas até hoje não tem nenhuma legislação a respeito e tem que ser discutida no Congresso”.
O governo prepara ainda a decretação de uma “moratória absoluta” das queimadas na região da Amazônia e no Pantanal por 120 dias. Nos demais biomas as queimadas (usadas para preparar o terreno para o cultivo) continuarão sendo permitidas, segundo o Valor. Em junho, as queimadas na Amazônia foram as maiores em 13 anos.
Em outra frente, o governo brasileiro também planeja melhorar a imagem ambiental no exterior por meio da comunicação. Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o governo pretende recriar a TV Brasil Internacional. A ideia é que a TV Brasil, estatal federal, seja usada para divulgar informações de interesse do governo em outros países.
Na semana passada, Bolsonaro já havia esboçado uma tentativa de desfazer a má imagem do Brasil perante a comunidade internacional. “Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor a preservação, as ações que temos tomado em favor da proteção da floresta Amazônica e do bem-estar das populações indígenas", afirmou o presidente na Cúpula do Mercosul.
Pressão dos empresários
A reação do governo ocorre após o mundo financeiro e dos negócios reclamar da política para o meio ambiente adotada até agora pela gestão Bolsonaro. Os empresários e investidores afirmam que a política ambiental está prejudicando os investimentos estrangeiros no país e a reputação das empresas nacionais, com reflexos nas exportações.
Um grupo de 40 empresários brasileiros enviou nesta terça (7) uma carta ao Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido por Mourão, para cobrar do governo medidas de combate ao desmatamento na Amazônia.
“Vemos com preocupação a percepção negativa da imagem [brasileira] em relação às questões socioambientais”, explica a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi.
“As empresas signatárias da carta adotam boas práticas e querem ser reconhecidas por isso. Traz um potencial grande de prejuízo para o Brasil, não só reputacional, mas no desenvolvimento de negócios”, complementa a empresária.
O vice-presidente respondeu afirmando que as demandas estão alinhadas com os objetivos do governo para a região amazônica. "Esse grupo tem mantido contato comigo há algum tempo e todos os pontos que estão colocados ali naquele documento vão ao encontro dos objetivos do Conselho da Amazônia. Então estamos fechados, juntos", disse Mourão.
A pressão dos empresários brasileiros ocorre uma semana após um grupo de 29 instituições financeiras estrangeiras, que gerenciam mais de U$ 3,7 trilhões em ativos, enviar uma carta ao governo apontando problemas na política ambiental e reclamando de "uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer serviços financeiros ao Brasil".
"Como instituições financeiras, que têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse de longo prazo de nossos beneficiários, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, protegendo a biodiversidade e assegurando serviços ecossistêmicos", afirmaram as instituições na carta que inclui, entre seus signatários, o Legal & General Investment Management e a Sumitomo Mitsui Trust Asset Management.
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