Depois de visitar estados do Nordeste em agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já prepara para a segunda quinzena de setembro uma série de viagens para cidades de Minas Gerais. Segundo maior colégio eleitoral do país, o estado é considerado primordial para o líder petista na construção de palanques que favoreça sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2022. E um dos principais objetivos é tentar costurar uma aliança com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) – ou de ao menos garantir a neutralidade do mineiro no primeiro turno da eleição presidencial.
Diferentemente do Nordeste, onde Lula conseguiu agendas com lideranças de diversos partidos, políticos de Minas Gerais têm demonstrados mais resistência ao petista. O PT perdeu espaço na política mineira desde 2018, quando o ex-governador Fernando Pimentel ficou fora do segundo turno no seu projeto de reeleição e a ex-presidente Dilma Rousseff perdeu a disputa pelo Senado em Minas.
Apesar disso, lideranças petistas avaliam que Lula irá conseguir reverter esse cenário e neutralizar possíveis adversários e apoiadores de Bolsonaro na região. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), é próximo do Palácio do Planalto, mas o seu partido, mesmo rachado, já sinaliza que não irá apoiar o projeto de reeleição do atual presidente.
Ao todo, o PT administra 28 cidades do interior de Minas Contudo, o partido governa apenas suas cidades de maior porte: Juiz de Fora e de Contagem, que juntas somam cerca de 1,2 milhão de eleitores. Por isso, líderes petistas consideram primordial que Lula consiga construir alianças com outras legendas em Minas que garantam estrutura para a campanha do ano que vem.
PSD de Kalil vira o fiel da balança para o PT em Minas Gerais
Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD) virou alvo de cortejo por parte de Lula e lideranças petistas para a disputa do próximo ano. Kalil deve se candidatar ao governo do estado e, até o momento, é apontado como o nome de maior força para enfrentar Romeu Zema.
A bancada do PT em Minas está empenhada em conseguir uma agenda entre Lula e Kalil. A relação entre o ex-presidente e o prefeito é marcada por idas e vindas, mas Kalil já sinalizou que irá “receber bem o petista”, caso o encontro seja confirmado.
Em fevereiro, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-candidato à presidência Fernando Haddad chegaram a se encontrar com o prefeito de Belo Horizonte, mas as conversas não avançaram. Na ocasião, Kalil rejeitou uma aliança, mas admitiu que existe um alinhamento “programático” com o PT.
Já Lula esteve com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab em Brasília no início de maio. O PSD é apontado pelos líderes petistas como o fiel da balança para a candidatura de Lula em Minas Gerais, pois o partido administra o maior número de cidades de Minas Gerais. Além de Belo Horizonte, a legenda de Kassab conta com outras 77 prefeituras mineiras.
Petistas já admitem que, caso seja inviável uma aliança direta do PT com o PSD em Minas, ao menos a neutralidade no primeiro turno já seria suficiente para Lula. Nos bastidores, líderes afirmam que a chapa de Kalil para o governo mineiro já estaria praticamente definida: o vice deve ser o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), e o candidato ao Senado é Antonio Anastasia (PSD), que busca a reeleição. "Depende mais dele [Kalil] do que da gente", afirma o presidente estadual do PT, Cristiano Silveira.
Kassab tem outros planos para o PSD
Apesar de manter interlocução com o PT, Gilberto Kassab está empenhado em filiar ao PSD o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A ideia é lançar Pacheco como candidato da terceira via em 2022 à Presidência da República. O senador mineiro tem mantido conversas com a cúpula do partido de Kassab e já demonstra suas pretensões de deixar o DEM para migrar para o PSD.
Além de se afastar do Palácio do Planalto nos últimos meses, o presidente do Senado esteve recentemente no ato de inauguração da galeria de líderes do PSD. Na ocasião, o senador mineiro foi o primeiro a discursar e elogios à bancada e a Gilberto Kassab.
Quando esteve em Brasília, no mês me maio, Lula chegou a ter um encontro com Pacheco articulado pela bancada do PT no Senado, mas agenda acabou sendo desmarcada na véspera do encontro. À época, interlocutores do Palácio do Planalto chegaram a sinalizar o descontentamento de Bolsonaro com a possibilidade da reunião. Em nota, a assessoria do ex-presidente afirmou que houve uma incompatibilidade de agenda.
Agora, Lula pretende tentar um novo encontro com o senador na sua passagem em Minas Gerais. A ideia do líder petista é aproveitar o momento de afastamento de Pacheco com o governo Bolsonaro para tentar uma aproximação. O senador foi eleito presidente do Senado no começo deste ano em uma aliança que envolveu o Palácio do Planalto e a bancada do PT.
Petistas podem buscar solução caseira em Minas Gerais
Caso Lula não consiga vencer as resistências dentro do PSD para a disputa do primeiro turno de 2022, uma alternativa cogitada pelos petistas é lançar o deputado Reginaldo Lopes como candidato ao governo mineiro. Oficialmente o deputado pretende disputar uma cadeira ao Senado. No entanto, já tem rodado o estado para fazer costuras em municípios menores.
Além do PSD, Lula deverá se reunir em Minas Gerais com representantes de outros partidos, como PSB, Solidariedade, PV e Cidadania. Uma ala do MDB, liderada pelo ex-deputado estadual Adalclever Lopes, também pretende se encontrar com ex-presidente durante a visita de Lula.
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