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Tempo de TV, palanques e mais: o que Moro ganha em caso de aliança com o União Brasil

Sergio Moro União Brasil
Ex-ministro Sergio Moro (Podemos) costura acordo com o União Brasil para as eleições deste ano (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

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Em busca de viabilizar sua candidatura na chamada terceira via, o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) deve ganhar um aliado de peso em breve. O União Brasil, novo partido fruto da fusão entre DEM e PSL, já sinaliza que pode fechar apoio à candidatura de Moro para presidente da República.

Comandado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE), que abrigou a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) em 2018 no PSL, o União Brasil terá a maior fatia do fundo eleitoral do ano que vem. O novo partido, que está em fase de homologação pela Justiça Eleitoral, irá receber R$ 945 milhões do fundão de R$ 4,9 bilhões aprovado pelo Congresso Nacional no Orçamento de 2022. O Podemos, partido de Moro, terá uma fatia menor, cerca de R$ 230 milhões.

Para os integrantes do Podemos, a entrada do União Brasil na coligação vai oferecer capilaridade à candidatura de Moro, além da construção de pelo menos 12 palanques estaduais. O partido conta com mais de 500 prefeitos, o que na avaliação de aliados do ex-ministro deve favorecer a viabilidade da candidatura no interior do país, principalmente no Nordeste.

Se concretizada, a coligação entre o União Brasil e o Podemos deve dar a Moro ainda cerca de 2 minutos e 30 segundos no tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Além de pelo menos cinco inserções diárias que geralmente se dividem em peças de 30 segundos cada uma, por emissora, entre 5 horas e meia-noite. A propaganda da corrida presidencial em 2022 terá início em 26 de agosto e irá até 29 de setembro, três dias antes do primeiro turno, que será realizado em 2 de outubro.

Recentemente, em reunião da cúpula do partido, Bivar afirmou que Moro é o "único nome possível da terceira via". De acordo com o vice-presidente nacional do PSL, deputado Júnior Bozzella (SP), o acerto para apoio do União Brasil ao nome de Moro está "encaminhado" e deve ser chancelado ainda no primeiro trimestre de 2022, logo após a homologação do novo partido.

União Brasil quer indicar vice na chapa do ex-juiz

Para chancelar o apoio ao nome de Sergio Moro, a cúpula do União Brasil quer emplacar o nome do vice na chapa do ex-ministro. Nos bastidores, integrantes do partido afirmam que o próprio Luciano Bivar tenta se cacifar para a vaga.

Apesar de não agregar votos à candidatura, na avaliação dos envolvidos, Bivar é visto como um político experiente e com bom trânsito entre os diversos partidos, por isso poderia ampliar a articulação de Moro junto ao Congresso em uma eventual vitória. Outro nome do partido que pode ser indicado para a vaga é o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que chegou a ser testado como pré-candidato pelo União Brasil, mas trabalha para que o partido apoie o nome de Moro.

"Estou aqui para ajudar o Brasil a sair dessa polarização absurda", afirmou Mandetta ao ser questionado se poderia ser o vice na chapa presidencial do ex-juiz. Deputado federal por dois mandatos, o ex-ministro da Saúde também é apontado como um articulador político e poderia fazer a ponte entre Moro e o Congresso Nacional.

Nos cálculos dos que defendem a composição, a candidatura de Moro terá força para eleger diversos deputados e assim manter o União Brasil como uma das maiores bancadas do Congresso a partir de 2023. A legenda quer repetir o feito de 2018, quando o PSL passou de partido nanico para a maior bancada da Câmara, com a eleição de 53 deputados ligados ao presidente Bolsonaro.

Acordo com Moro isola parte do DEM no União Brasil

A costura do acordo para que o União Brasil integre a coligação de Moro vem sendo conduzida por Bivar e integrantes do PSL. Com a exceção de Mandetta, outros membros do DEM seguem isolados dos encontros feitos com a cúpula do Podemos.

Integrantes do DEM admitem que não foram consultados sobre a possibilidade de integrar a chapa do ex-ministro, o que pode acabar travando os acordos. Em diretórios como o do Rio de Janeiro, por exemplo, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM) já sinalizou que não pretende seguir a orientação do partido, que será comandado pelo prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Sóstenes integra a bancada evangélica e pretende apoiar Bolsonaro.

Responsável pela construção do acordo de fusão, o presidente do DEM, ACM Neto, está trabalhando pela sua candidatura ao governo do estado da Bahia. Com isso, segundo integrantes do DEM, o ex-prefeito de Salvador tem se mantido distante das costuras feitas pela ala ligada ao PSL.

Além disso, entusiastas da composição avaliam que o PSL terá mais peso na decisão devido aos acordos que foram fechados antes da fusão. Além da presidência, a ala ligada a Luciano Bivar vai comandar a diretoria financeira do União Brasil, setor responsável pela distribuição e controle do fundo partidária.

O estatuto da nova legenda também prevê que as decisões colegiadas, levadas à vice-presidência ou à executiva nacional, têm de ser aprovadas por três quintos do partido. Contudo, metade dos membros dessas instâncias são indicados pelo PSL e têm relação pessoal ou de negócios com Bivar.

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