Após o resultado acima do previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano, o governo espera que a economia continue crescendo de forma consistente.
A previsão é de que o Natal de 2019 será o melhor dos últimos anos, reforçando a retomada da economia. Para 2020, a estimativa é que o crescimento econômico será "substancialmente” superior ao observado nos últimos anos, puxado, principalmente, pelo setor privado.
Oficialmente, o Ministério da Economia estima que o PIB do próximo ano vai crescer 2,32%, dado que consta na mensagem modificativa do Orçamento de 2020 encaminhada ao Congresso Nacional no fim de novembro. Mas técnicos da equipe econômica já confirmam a tendência de alta para o resultado.
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, declarou que o avanço do PIB do ano que vem tem viés de alta, ou seja, deve ficar acima dos 2,32% da atual projeção oficial. Ele lembrou que o mercado financeiro já está revisando as suas estimativas e projetando uma alta de 2,5% a 2,8%. As declarações foram dadas na quinta-feira (4), durante seminário sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em Brasília.
Responsável pela área do governo que estima o PIB, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, acredita, na sua visão pessoal, que o crescimento do próximo ano ficará entre 2,5% a 3%. Mas ele lembra que o governo precisa ser conservador nas suas estimativas e, por isso, a sua secretaria – de Política Econômica (SPE) – projeta, no momento, um crescimento de 2,32% para 2020. O número, contudo, deve ser revisto ao longo do ano que vem, a partir do momento que as políticas econômicas forem se materializando.
O otimismo em relação ao próximo ano é motivado por vários fatores, explicou Sachsida em entrevista à Gazeta do Povo. Em especial, segundo ele, ao ganho de credibilidade do governo fruto da manutenção da política de ajuste fiscal, que se reflete na melhora das expectativas dos consumidores e empresários, e em razão também das medidas que corrigem a má alocação dos recursos, como o novo FGTS.
"Eu acho que nós vamos ter surpresas muito positivas no ano que vem. Parte do efeito do FGTS vai ser sentida no ano que vem, parte das medidas microeconômicas que o governo vem adotando vai ter efeito no ano que vem. Teremos o efeito da queda de juros se materializando a partir de março. Essa credibilidade fiscal, fruto do ajuste fiscal e da manutenção do teto de gastos, contrariando muitos analistas que queriam mudanças [no teto], se consolidando a partir do próximo ano. Governo saindo da economia e setor privado puxando o crescimento. Choque de gás barato. Novas concessões e privatizações. Investimentos do pré-sal. Eu acho que teremos um ano excelente", disse Sachsida.
Nota técnica elaborada pela SPE também diz que o efeito das medidas na área econômica que estão sendo adotadas pelo governo "se propagarão para 2020 e o PIB do setor privado continuará acelerando, confirmando um crescimento substancialmente superior ao observado nos últimos anos”.
A secretaria também afirma, por meio de nota, que a desaceleração da atividade econômica ficou para trás e que, desde setembro, a economia está crescendo com maior vigor. “A partir de setembro/2019, a economia brasileira passou a apresentar indicadores consistentes de retomada do crescimento. (...) [O PIB do terceiro trimestre] mostra o aquecimento da economia, que deverá ser reforçado no final deste ano. Desse modo, o Natal de 2019 deverá ser o melhor dos últimos anos”, diz a nota da SPE.
PIB do 3º trimestre veio acima do esperado
Segundo dados divulgados pelo IBGE na terça-feira (2), a economia brasileira cresceu 0,6% no terceiro trimestre de 2019. O resultado veio acima do esperado pelo mercado e pelo próprio governo, que estimavam alta de 0,4%.
O governo atribuiu o bom resultado do PIB a alguns fatores. “A implementação de medidas de ajuste fiscal, o encaminhamento de reformas estruturais, em especial com a aprovação da Nova Previdência, e as propostas legislativas que apresentam formas adicionais de correção da má alocação dos recursos da economia foram preponderantes para que as expectativas e os indicadores econômicos superassem o pior momento em agosto/2019”, diz a nota técnica da SPE.
A secretaria afirma, ainda, que economia brasileira saiu do "fundo do poço", com inflação sob controle e juros baixos.
Motores: investimento privado e consumo das famílias
O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, destacou o crescimento robusto do investimento e a retomada do consumo das famílias como os principais responsáveis pelo resultado positivo do terceiro trimestre.
“O resultado do PIB veio muito bom. Nós tivemos um crescimento de 0,6% em relação ao trimestre anterior e de 1,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Quando olhamos a decomposição do PIB, nós tivemos uma reação positiva do consumo, mas em particular uma reação do investimento”, afirmou na terça-feira (3) a jornalistas, no Ministério da Economia.
O componente do PIB que mede o investimento privado é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Ele computa investimentos feitos pelas empresas em máquinas e equipamentos. Segundo o IBGE, esse indicador subiu 2% na comparação ao trimestre anterior e 2,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Para o governo, isso demonstra que o setor privado está puxando a retomada da economia.
Outro indicador que reforça a tese é o consumo do governo, que também compõe o PIB. Esse tipo de gasto caiu 0,4% em relação ao trimestre anterior e 1,4% na comparação com o mesmo período de 2018. A equipe econômica vem adotando uma série de medidas de ajuste fiscal para controle dos gastos do governo. O objetivo é que o setor privado puxe mesmo o crescimento, pois a capacidade de investir do setor público se esgotou.
O consumo das famílias, que responde por cerca de dois terços do PIB, também começa a dar sinais de retomada: cresceu 0,8% em relação ao segundo trimestre de 2019 e 1% na comparação com julho a setembro de 2018.
Waldery completou ainda que os números positivos são reflexo da política de austeridade fiscal deste governo. “São números que mostram que zelar pela política fiscal tem um alto retorno para a sociedade. A economia crescendo responde naquilo que mais interessa: emprego e renda.”
Expectativas para o 4º trimestre de 2019
Para os últimos três meses deste ano, o governo espera que o consumo das famílias cresça ainda mais, com o saque dos R$ 500 do FGTS e o pagamento do décimo terceiro, cuja primeira parcela coincidiu com a Black Friday.
"Parte expressiva do saque do FGTS entra [na economia] em outubro, novembro e dezembro. Então vai ter ter um efeito muito grande do FGTS no quatro trimestre. Além disso, você já vinha com uma recuperação forte da economia decorrente da credibilidade que o governo ganhou, fruto do ajuste fiscal. Esse ganho de credibilidade está se pagando agora", disse à Gazeta do Povo o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.
O saque do dinheiro parado no Fundo de Garantia começou em setembro, mas a maior parte dos saques ficou para o período de outubro a dezembro. A expectativa é injetar R$ 40 bilhões na economia até o fim deste mês. As vendas na Black Friday, por sua vez, cresceram 6,4% neste ano, segundo projeção do Boa Vista.
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