Sérgio Moro durante audiência na Câmara dos Deputados| Foto: Cleia Viana / Agência Câmara

O vazamento de supostas mensagens telefônicas do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e de membros da força-tarefa da Lava Jato reforçou a polarização que existe no Congresso Nacional entre apoiadores e críticos do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

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A oposição ao presidente contestou a atuação de Moro, do procurador Deltan Dallagnol e reforçou os argumentos que embasam os pedidos de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já a base bolsonarista não viu no episódio falhas de conduta do ex-juiz e da Lava Jato, e centrou seu foco na maneira como as informações foram obtidas e no jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, que iniciou a série de reportagens sobre o tema.

E os outros partidos?

E como estão se portando os partidos não alinhados à esquerda e que não fazem parte da base de apoio do governo Bolsonaro? Políticos dessas têm mostrado, até o momento, comportamentos distintos, mas algumas opiniões semelhantes.

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No Senado, parlamentares da Rede – partido que foi um dos principais defensores da Lava Jato nos primeiros anos da operação – subiram o tom em críticas a Moro durante audiência com o ministro no dia 19 de junho. Já na Câmara, Moro foi defendido por deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Boca Aberta (PROS-PR). O parlamentar paranaense, que contestou a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, chegou a entregar um troféu a Moro, e o chamou de "campeão do combate à corrupção".

A reportagem conversou com líderes de três partidos de centro – Solidariedade, PTB e PV – e ouviu algumas opiniões semelhantes em relação ao episódio. As legendas têm, somadas, 30 deputados na Câmara. Os líderes afirmaram que analisam o caso com cautela, principalmente porque a veracidade do material divulgado pelo The Intercept ainda não está comprovada. Eles também disseram ser defensores do trabalho que a Lava Jato desempenhou até o momento. Porém, afirmaram que, se os diálogos forem reais, a reputação da Lava Jato e de Moro fica comprometida.

"A gente ainda não tem certeza se as mensagens são reais. Os envolvidos negam, então é preciso ter alguma cautela na hora de analisar o assunto", disse o líder do Solidariedade na Câmara, Augusto Coutinho (PB).

Pedro Lucas Fernandes (MA), líder do PTB na Câmara, endossa: "eu gostaria de que o vazamento acabasse, que a gente tivesse acesso a todo o material. Cabe até uma perícia para se ter certeza se aquilo é real ou não. É um assunto grave, que exige muito cuidado. Então preciso esperar o todo para me posicionar".

Lisura de Moro e da força-tarefa

Embora peçam cautela em relação ao conteúdo, os três deputados que conversaram com a Gazeta confessam que as supostas mensagens, se verdadeiras, podem comprometer a lisura de Moro e Dallagnol. "Eu me assustei com algumas mensagens. Vou ficar muito triste se tudo o que estiver ali for verdadeiro", declarou Fernandes.

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"Se tudo for verdadeiro, mostra algumas interlocuções que não deveriam existir. Se houve algum erro de conduta ali, as atuações precisam ser questionadas. Não se pode ter uma postura de esperar a justiça a qualquer custo", afirmou o líder do Solidariedade.

Leandre (PR), líder do PV, também pede punição caso a autenticidade dos diálogos seja comprovada. "O que se divulgou é grave. Se houve contrariedade à lei, as pessoas precisam ser punidas", apontou.

A deputada do PV, entretanto, pede também punição aos possíveis hackers que teriam invadido os aparelhos de Moro, Dallagnol e de outros citados. "Sempre que há uma invasão em algo de propriedade privada, estamos falando de uma ação ilegal e imoral. Não dá para aceitar esse tipo de coisa apenas pelo conteúdo que tem", disse.

Defesa da Lava Jato

Apesar das ponderações, os deputados saíram em defesa da operação Lata Jato. "A Lava Jato prestou um serviço imensurável ao Brasil. Condenou políticos de todos os partidos. Fez ações que deixaram claro que não é uma operação destinada a prejudicar o partido A, B ou C", declarou Coutinho.

Fernandes disse que Moro "fez um grande papel para o país". E Leandre diz que os diálogos "não muda[m] nada em relação aos que já estão presos".

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Posicionamento oficial

Os deputados disseram que suas bancadas aguardam um esclarecimento definitivo sobre o caso para ter um posicionamento oficial sobre o assunto. "Queremos que as coisas fiquem claras, que a gente saiba se é tudo verdadeiro ou não. Aí a bancada vai se posicionar sobre o assunto", afirmou o líder do PTB.