O ataque ao perfil da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, na rede social X (antigo Twitter) ainda não foi totalmente esclarecido, mas órgãos ligados ao governo já se movimentam para apontar as circunstâncias e investigar os responsáveis pela invasão. A conta foi invadida na noite desta segunda-feira (11) e foram publicadas mensagens de cunho ofensivo e com críticas políticas.
Além do inquérito aberto pela Polícia Federal na mesma noite, a Advocacia-Geral da União (AGU) também se movimentou e notificou extrajudicialmente a empresa de Elon Musk para se pronunciar sobre a invasão. O órgão pediu o congelamento da conta @JanjaLula até a conclusão das investigações e a preservação de registros relativos ao perfil.
“A não observância das medidas ora requeridas será interpretada como lesão a direitos, inclusive por parte da plataforma, podendo ensejar a adoção das medidas judiciais cabíveis para ressarcimento de danos, bem como para a responsabilização civil e penal dos infratores”, disse o ofício da AGU encaminhado ainda durante a madrugada à X (veja na íntegra).
Até o final da manhã desta terça (12), a conta da primeira-dama na rede social estava sem publicações. Em outra plataforma, Janja afirmou que está “acostumada com ataques na internet” e que a invasão de ontem é um ataque que “muitas mulheres sofrem diariamente”.
Ela afirmou que o ataque ao seu perfil no X durou “minutos intermináveis” de “típicos de quem despreza as mulheres, a convivência em sociedade, a democracia e a lei”. Os registros de mensagens fora do habitual duraram pouco mais de uma hora, sendo que o suposto invasor interagiu com internautas que comentavam as postagens.
“Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal”, afirmou a primeira-dama.
Ao todo, o hacker publicou 44 postagens, atingindo uma audiência de 1,2 milhão de seguidores de Janja no X.
Em uma das postagens, o hacker publicou um áudio com um “comunicado oficial” em que diz estar “ciente” da investigação da PF, mas minimizando qualquer tipo de responsabilização.
"Quero avisar que estou ciente que a Polícia Federal está investigando isso aqui, mas eu não tô nem aí. Eu sei que vai dar alguma coisa, talvez não dê, talvez dê, depende do sistema judiciário desse país que é quebrado, por sinal, e eu sou um cara que julga muito que as leis desse país são frágeis, são uma porcaria e que só tem político roubando", diz um trecho do áudio.
Em outra postagem, o hacker pediu aos seguidores para seguirem uma outra conta da rede social que supostamente era do autor da invasão. A conta @binuxy foi tirada do ar. O administrador da conta se identificava no perfil como “nacionalista, monarquista e neo fascista”.
Uma das postagens no perfil fazia referência à invasão, afirmando que “a maioria dessas invasões foi feita usando senhas vazadas, isso é fácil. É até cômico falar sobre isso. Existem métodos alternativos de invasão”.
O ataque ao perfil da primeira-dama foi comentado por membros do governo, como o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, que classificou os autores como “canalhas criminosos” e que “covardes que compartilham e comentam destilando seu ódio, preconceito e violência também serão identificados”.
Repercussão do caso entre esquerda e direita
Após a invasão, políticos e ativistas de esquerda passaram a usar o caso para defender o Projeto de Lei 2.630/2020 – chamado "PL das Fake News" e "PL da Censura", que está em tramitação na Câmada dos Deputados. A proposta busca regulamentar as redes sociais no país e é alvo de críticas da oposição por violar a liberdade de expressão. A invasão hacker, entretanto, já configura crime na legislação brasileira.
Já entre a direita, o clima é de desconfiança sobre as intenções do autor dos ataques, uma vez que o caso ocorre às vésperas de sabatina de Flávio Dino, que pode garantir ou não a vaga do ministro da Justiça para o STF. O tema é visto como prioridade total entre políticos e ativistas ligados à direita, que veem na invasão hacker uma tentativa de desviar a atenção da votação de Dino ao mesmo tempo em que facilitam a pressão de governistas pelo avanço do "PL das Fake News".
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