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Saúde

O que se sabe sobre a crise de soluço que levou Bolsonaro à internação

Presidente Bolsonaro vem reclamando da crise de soluço há pelo menos uma semana (Foto: Alan Santos/Palácio do Planalto)

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O presidente Jair Bolsonaro deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, na manhã desta quarta-feira (14). O chefe do Poder Executivo vinha reclamando há pelo menos uma semana de crises de soluços e o problema pode ter relação com medicamentos que ele precisou tomar por causa de uma cirurgia para implante dentário. O presidente também reclamou de dores abdominais; e o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que operou Bolsonaro quando ele foi vítima de uma facada na eleição de 2018, foi chamado a Brasília para examiná-lo. Isso levantou o rumor de que a equipe médica avalia submeter o presidente a uma cirurgia.

Durante sua live semanal da última quinta-feira (8), Bolsonaro chegou a falar do problema dos soluços. "Estou há uma semana com soluço, talvez não consiga me expressar bem nessa live", alegou o presidente. Já nesta terça-feira (13), ele voltou a tratar do assunto em conversa com apoiadores. "Pessoal, eu estou sem voz. Se eu começar a falar muito, volta a crise de soluço. Já voltou o soluço".

De acordo com a nota divulgada pelo Palácio do Planalto, o presidente passa bem e ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital.

Possíveis causas do soluço

Médicos especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo explicam que a crise de soluços pode ser desencadeada por diversos fatores, entre eles gastrite, refluxo ou crises de ansiedade. Bolsonaro já admitiu ter refluxo gastresofágico, que é quando existe um retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago.

De acordo com o médico Thales Maia, especialista em cirurgias do aparelho digestivo, a crise de soluço pode ser comparada como uma cãibra e que ocorre no diafragma, músculo que divide o tórax do abdômen e é responsável pela digestão. Para o especialista, o momento atual do governo pode ter atenuado o problema.

“Todos os fatores estão interligados, a ansiedade aumenta a secreção de ácido e consequentemente aumenta o refluxo que é a principal causa da crise de soluços”, afirma Maia. Interlocutores do Planalto alegam que as recentes crises dentro da CPI da Covid, a tramitação da PEC do Voto Impresso e as pesquisas de avaliação do governo aumentaram o nível de estresse no governo.

Soluço é sintoma e não causa, diz médico

Na avaliação do médico Roberto Debski, clínico geral e especialista em Medicina Integrativa, os soluços são o sintoma e não a causa do problema. Segundo ele, quando a crise dura mais de 48 horas é necessário buscar um especialista para que exames detalhados possam descobrir a causa desse sintoma.

“Esse espasmo é o que agente chama de soluço, às vezes fica persistente. Ele pode acontecer por uma série de problemas gastrointestinais. O presidente fez um tratamento dentário e o uso dos medicamentos para esse tratamento atrelado a ansiedade pode ter ampliado a crise de soluço”, explica Debski.

Segundo os especialistas, o tratamento é feito de acordo com a causa do problema e pode ser feita desde a mudança nos hábitos alimentares e até com o uso de medicamentos. “Descobrindo a causa a gente pode fazer o tratamento adequado. Se for um problema de refluxo, vamos tratar, se for uma questão de ansiedade vai buscar o tratamento para o controle da ansiedade”, completa Debski.

Crise de soluço muda agenda

A agenda da manhã de Bolsonaro previa, às 11h, um encontro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Essa reunião foi definida no início da semana, com o objetivo de apaziguar o ambiente entre os poderes da República. Falas de Bolsonaro contra a urna eletrônica causaram desgaste e geraram reações no Judiciário e no Legislativo.

Bolsonaro também participaria, às 8h, de uma reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Às 10h, no Palácio do Planalto, ele participaria do lançamento de um programa chamado Ações para o Novo Ensino Médio.

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