O Itamaraty, sob a gestão de Lula, não mencionou o Hamas em nenhum momento, nem se referiu a ele como grupo terrorista.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está perdendo popularidade e apoio até mesmo entre seus aliados por não se posicionar claramente contra a organização terrorista Hamas, que tem atacado Israel. Enquanto vários países já oficializaram seu repúdio ao grupo, o chefe do Executivo brasileiro sinaliza neutralidade, condenando os ataques, mas sem reconhecer o Hamas como organização terrorista.

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Lula chama ataques a Israel de “terroristas” em primeira aparição pública pós-cirurgia

Uma pesquisa da AP Exata Inteligência Digital, publicada pelo jornal Estado de S. Paulo, mostra que posição dúbia diante de uma guerra sem precedentes, onde mais de 3,7 mil pessoas morreram, incluindo atrocidades com bebês e crianças, estupros e torturas, revela queda da avaliação positiva do governo e aumento da percepção negativa. Desde o início do conflito, o número dos que classificam o governo como bom/ótimo caiu 0,6. Já os que avaliam como ruim/péssimo cresceu 0,7%.

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Com isso, 40,8% aprovam o governo, 33,9% reprovam e 25,3% o veem como regular. A análise é feita por meio de inteligência artificial, com base na média das pesquisas e nos sentimentos expressados pelos internautas. Segundo o CEO da AP Exata, e Sergio Denicoli , foram consultados 78 mil tuítes entre 7 e 12 de outubro.

Posição do governo sobre Israel e Hamas

A linha defendida pelo Itamaraty, desde o início da guerra, é de que a classificação do Hamas como terrorista cabe à ONU e não ao país.

Na quinta-feira, o governo emitiu nota: “No tocante à qualificação de entidades como terroristas, o Brasil aplica as determinações feitas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão encarregado de velar pela paz e pela segurança internacionais. Estão incluídos o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, além de grupos menos conhecidos do grande público.

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo que acha “estranho” como o governo brasileiro tem lidado com os discursos antissemitas e pró-Hamas.

"Nós pensamos que matar crianças, bebês, mulheres, decapitar, estuprar, além de atacar civis em suas casas e queimar tudo, é terrorismo. O governo brasileiro não pensa assim. Pelo menos pelas palavras que usaram", disse o Zonshin.

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A declaração do ex-deputado petista José Genoino esta semana piorou a situação. Ele criticou o Estado de Israel por atacar o Hamas e disse que a organização terrorista tem o “direito à resistência”.

“O direito à resistência contra a tirania não pode ser conceituado como terrorismo, que é o argumento para a ordem imperialista, Otan, junto com o Estado de Israel: exercer a eliminação dos palestinos”, disse o ex-deputado.

Em 2021, dois ministros de Lula além de vários membros do PT ligados ao presidente, além de entidades aliadas ao partido, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), se posicionaram abertamente contra classificar o Hamas como um grupo terrorista.