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Operação da PF

Operação contra Jordy foi pedida pela PGR por suspeita de orientar manifestantes

Carlos Jordy
Pedido da PGR aponta um diálogo entre um manifestante e Carlos Jordy por orientações nos bloqueios de rodovias. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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A operação contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) desencadeada na manhã desta quinta (18) pela Polícia Federal foi pedida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de que ele teria orientado manifestantes que bloquearam rodovias no país após o segundo turno da eleição presidencial de 2022.

A suspeita consta em trechos de supostas conversas dele com um manifestante que pedia orientação sobre os bloqueios, reproduzidas em um documento de autoria do subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelo grupo montado na PGR para apurar os atos de 8 de janeiro de 2023.

Carlos Jordy, no entanto, negou qualquer tipo de envolvimento ou participação nas conversas e na suposta orientação aos manifestantes, dizendo que não teve acesso aos autos.

“Nunca incentivei, nunca financiei, não tenho relação alguma com o 8 de janeiro e com ninguém dessas pessoas que foram para os quartéis. Aí eles [policiais federais] dizem que há mensagens minhas com pessoas, que eu seria um mentor ou articulador do 8 de janeiro e de bloqueios de estrada. Mentira, eu nunca tive acesso a nenhum desses autos”, afirmou no final da manhã pouco antes de prestar depoimento à PF no Rio de Janeiro.

Santos escreveu no ofício que as investigações apontaram indícios de que Jordy “possivelmente, detinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, tanto pelas redes sociais como por suas ações de campanha na região”, aponta trecho do documento sigiloso a que a Gazeta do Povo teve acesso.

O subprocurador aponta que os elementos apontam que os alvos da operação "integraram ao menos o núcleo de financiadores e instigadores dos delitos antidemocráticos".

Essa constatação ocorreu após a polícia identificar um trecho em que uma “liderança da extrema direita” da cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), Carlos Victor de Carvalho, pedia orientações a Jordy, a quem se dirigia como “meu líder”, no dia 1º de novembro de 2022 -- após o 2º turno da eleição presidencial vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

  • Carvalho: “Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo”.
  • Jordy: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”
  • Carvalho: “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”.

"Vale lembrar que em tal data ocorria os bloqueios de
rodovia em todo Brasil, inclusive em Campos, e tal diálogo em que CVC [Carvalho] chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto 'parar tudo', levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos que aqui ocorreram", diz Franco no pedido.

A PF apontou 524 registros de conversas entre Carvalho e Jordy entre agosto e outubro de 2022, e outros 22 de novembro de 2022 a janeiro de 2023. O número de celular apontado pela autoridade como interlocutor das mensagens coincide com o do deputado.

Ainda segundo a PF, Carvalho era responsável por administrar 15 grupos de WhatsApp com “temáticas extremistas, havendo robustos elementos de informação”, entre eles o de organizar “eventos antidemocráticos” na cidade.

“Além dos registros expostos neste quesito, após as eleições, o contato ‘Jordy deputado federal’ continua enviando mensagens para CVC [Carvalho], com vídeos e textos de cunho político e ideológico”, diz Carlos Frederico Santos no ofício.

O subprocurador apontou ainda que Jordy contatou Carvalho no dia 17 de janeiro de 2023, em que já sabia que haveria um mandado de prisão. Carvalho também fez contato com outras pessoas que supostamente tiveram alguma participação nos atos de 8 de janeiro de 2023, como organização do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e contratação de ônibus para o transporte de manifestantes.

“Como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido seu dever como agente público seria comunicar imediatamente a autoridade policial”, afirmou o subprocurador.

Carlos Frederico Santos também pediu a quebra do sigilo telefônico e telemático dos alvos da operação “inclusive em nuvem de dados, arquivos de texto e imagens nos computadores e celulares, aplicativos [...] a fim de que sejam submetidos a exame pericial com a finalidade de obtenção da materialidade de delitos”.

Além de Jordy, outras nove pessoas foram alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF nesta quinta (18).

“Os fatos narrados demonstram a existência de uma possível organização criminosa, que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas, principalmente aquelas que possam se contrapor, de forma constitucionalmente prevista, a atos ilegais ou inconstitucionais, como o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal, utilizando-se de uma rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura democrática e do Estado de Direito no Brasil”, escreveu Alexandre de Moraes no ofício que autorizou a operação.

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