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A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, nesta quinta (18), uma operação para desmantelar um grupo suspeito de fraudar pagamentos de guias de arrecadação por meio de códigos PIX adulterados na capital federal e mais 9 estados.
A investigação revelou que o grupo utilizava códigos de barras de guias de pagamento autênticas, mas adulterava o QR Code do PIX, reduzindo os valores de forma significativa. As fraudes ocorreram entre 7 e 31 de janeiro do ano passado e custaram R$ 21 milhões ao Banco do Brasil.
Entre os alvos, estão secretários de finanças e um advogado, cujas identidades não foram reveladas. Ao todo, foram expedidos 10 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Amapá e Goiás.
“O grupo explorou uma vulnerabilidade na plataforma da instituição financeira [Banco do Brasil] que possibilitava inserir a linha digitável num campo específico e, na hora de pagar, gerava o QR Code e eles manipulavam o valor”, disse o delegado adjunto Eduardo Dal Fabbro.
Pelo menos sete pessoas foram presas, sendo seis no DF e uma em São Paulo. Três suspeitos estão foragidos. O Banco do Brasil pediu a investigação após identificar irregularidades em uma apuração interna.
O banco afirmou que “colabora com as autoridades na investigação de fraudes de qualquer natureza contra a instituição com o repasse de subsídios no seu âmbito de atuação para as autoridades competentes”.
O esquema era formado por quatro núcleos de executores, sendo um operacional responsável por explorar a vulnerabilidade e efetuar os pagamentos; o de guias fraudulentas das prefeituras de Morros (MA), Ubaitaba (BA), Serra do Navio (AP), Jacinto (MG) e Acorizal (MT); o de intermediadores que facilitavam a comunicação entre os dois primeiros grupos; e o financeiro, que utilizava empresas para permitir a retirada dos recursos ilícitos das contas das administrações municipais.
“As prefeituras ficavam com ao menos 50% do valor [das guias] e os outros 50% eram destinados aos criminosos, que usavam empresas laranjas para receber esse dinheiro”, completou o delegado.
Durante a investigação, a polícia encontrou registros dos suspeitos celebrando os resultados das fraudes em festas em Goiânia, ostentando carros de luxo e realizando viagens para destinos caros.
Os envolvidos podem responder por crimes como invasão de dispositivo eletrônico, furto mediante fraude, lavagem de dinheiro e organização criminosa, sujeitos a penas que podem ultrapassar 20 anos de prisão se condenados.