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Parlamentares da oposição estão cobrando uma posição clara dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a operação da Polícia Federal contra o deputado Carlos Jordy (PL-RJ). Os dois mandatários do Legislativo ainda não se manifestaram sobre a ação.
Jordy foi alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, desencadeada na quinta (18) e que cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete dele na Câmara e na casa dele em Niterói (RJ). Ele é líder da oposição na casa e apontado pela PF como suspeito de ser um dos mentores dos atos de 8 de janeiro de 2023 ao supostamente orientar manifestantes que bloquearam rodovias do país após o segundo turno da eleição presidencial de 2022.
Entre os parlamentares que estão cobrando um posicionamento claro dos presidentes do Legislativo, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) afirma que o “Parlamento foi novamente achincalhado pelo STF”, ressaltando o papel do ministro Alexandre de Moraes pelos mandados de busca contra Jordy.
“E os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira”, até o momento nada declararam. Quem cala, consente”, disparou.
O termo “achincalhado pelo STF” é uma referência à crise que o Congresso vem tendo com o Supremo desde o ano passado, quando o Judiciário passou a julgar casos que os parlamentares veem como uma “usurpação de poderes”, como legislar sobre o aborto, marco temporal para a demarcação de terras indígenas, entre outros.
Em resposta, o Senado passou a analisar projetos que limitam a atuação do STF, como limitação das decisões monocráticas. Ainda neste primeiro semestre, Rodrigo Pacheco já adiantou que pretende colocar para votação o projeto que estabelece um mandato fixo para os ministros da Corte.
Além de van Hattem, o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) cobra um posicionamento de Lira e Pacheco contra o que classifica como uma “arbitrariedade” contra Jordy.
“O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado e Congresso, Rodrigo Pacheco, precisam se manifestar sobre mais essa arbitrariedade promovida hoje [quinta, 18]. Desta vez contra o líder da oposição, Carlos Jordy, sob pena de mergulharmos em um abismo ditatorial, se é que já não chegamos lá”, ressaltou.
Para Marcon, com este silêncio, a falta de um posicionamento claro de Lira e Pacheco “diz muito sobre o momento de vassalagem que o Congresso vive perante os absurdos do STF”.
André Fernandes (PL-CE) foi na mesma linha de Marcon e questionou se a Câmara “vai ficar omissa diante da perseguição contra a oposição”.
“Lira, não vai tomar nenhuma atitude? Provavelmente se fosse uma operação da PF para investigar corrupção, o parlamento todo estaria em defesa, incluindo os presidentes das casas”, disparou.
Interlocutores afirmam que Lira foi avisado pelo Ministério da Justiça na noite de quarta (17) de que haveria uma operação da Polícia Federal na Câmara, com o cumprimento de mandados em um gabinete parlamentar. A comunicação é de praxe, já que forças policiais externas precisam ser acompanhadas pela Polícia Legislativa.