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O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, contestou a operação realizada na manhã desta sexta (20) pela Polícia Federal de que um sistema de geolocalização era usado para monitorar irregularmente telefones celulares. Ele é hoje deputado federal pelo PL-RJ e foi nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o cargo durante o governo passado.
Embora não tenha sido alvo da operação que prendeu dois servidores e afastou o número 3 da agência, Ramagem confirmou que o sistema foi comprado antes de Bolsonaro assumir a presidência, em 2018, pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), e que determinou uma auditoria formal em todos os contratos ao assumir o cargo em 2019.
O ex-diretor e atual parlamentar afirmou, ainda, que a auditoria levou a um pedido de correição na Corregedoria-Geral da Abin, e que a operação desta sexta (20) foi resultado do “trabalho de austeridade promovido na nossa gestão” – do governo do ex-presidente.
“Mesmo tendo passado por prova de conceito técnico e parecer favorável da AGU para aquisição (2018), nossa gestão resolveu encaminhar à corregedoria para instaurar correição”, disse.
Ramagem afirmou, ainda, que é preciso avançar nas investigações da operação do sistema “atinentes a fatos, fundamentos e provas”, para que a apuração não seja levada “por falsas narrativas e especulações”.
Um pouco mais cedo, a própria Abin confirmou que a Corregedoria-Geral do órgão concluiu a correição do sistema no dia 23 de fevereiro de 2023 para “verificar a regularidade do uso”, e que uma sindicância foi aberta um mês depois.
“Desde então, as informações apuradas nessa sindicância interna vêm sendo repassadas pela Abin para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal”, disse o órgão ressaltando que o sistema de monitoramento de celulares deixou de ser utilizado em maio de 2021.
Segundo a investigação da Polícia Federal, dois servidores da Abin que tinham conhecimento do sistema se utilizavam das informações para coagir chefias e se manterem nos cargos. Apuração de veículos de imprensa aponta que os sistemas foram usados para monitorar irregularmente – sem mandados judiciais – celulares de jornalistas e políticos durante o governo do ex-presidente.
Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação.