Uma operação conjunta das polícias Civil, Militar e Federal do Rio Grande do Norte cumpre, desde a madrugada desta sexta (17), 30 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão contra integrantes da facção criminosa que organizou os ataques contra bens públicos e privados no estado desde segunda (13). De acordo com a Polícia Federal, os mandados são cumpridos na capital, Natal, e nos municípios de Parnamirim e Nísia Floresta, na região metropolitana.
As investigações que levaram à operação Normandia apontam que o grupo atuava com o tráfico de drogas no litoral Sul do estado e tinha como característica principal atentar contra agentes da segurança pública. Pelo menos quatro policiais foram alvos de atentados nos últimos cinco anos, sendo que um morreu junto da esposa.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), a organização movimentava aproximadamente R$ 150 mil por mês com o tráfico e assaltos. O dinheiro era repassado para José Kemps Pereira de Araújo, conhecido como Alicate, preso em janeiro por cumprimento de decisão judicial.
Alicate é apontado como um dos chefes de uma facção criminosa que atua no Rio Grande do Norte e foi transferido da Penitenciária Estadual de Alcaçuz para o Presídio Federal de Mossoró, na terça (14), por ser apontado como um dos mandantes dos ataques criminosos que vem ocorrendo no estado.
Segundo as autoridades de segurança do estado, dos 30 mandados de prisão autorizados pela Justiça, 17 já foram cumpridos nas ruas e um de uma pessoa já custodiada no sistema penitenciário apontado como um dos líderes dos ataques. Um suspeito morreu em confronto com os policiais.
As investigações da facção começaram em 2022 e as prisões ocorreram agora por conta dos recentes ataques, que “exigiram um esforço maior para acelerar a operação”, disse Santiago Hounie, delegado regional da Polícia Judiciária, no final da manhã. Além das 17 prisões, foram apreendidos ainda 10,7 quilos de cocaína na residência de um dos suspeitos.
O Corpo de Bombeiros do estado informou que 101 incêndios criminosos foram registrados desde segunda (13) até o fim da manhã desta sexta (17) no estado, sendo metade deles apenas no primeiro dia dos ataques. Segundo a corporação, os atentados vêm reduzindo dia a dia.
Ainda segundo as autoridades, uma operação da Polícia Civil foi deflagrada em paralelo na cidade de Santa Cruz e municípios próximos, que também prendeu criminosos envolvidos nos ataques, e novas ações serão realizadas nos próximos dias.
Quarta noite de ataques
O estado do Rio Grande do Norte teve a quarta noite de ataques criminosos, com registros de atentados contra comércios, prédios públicos, bases da PM e veículos. A capital amanheceu com apenas 20% da frota do transporte coletivo nas ruas.
Pelo menos 39 cidades potiguares registraram ataques criminosos desde segunda (13), segundo informações da imprensa local.
Segundo a Sesed, 93 pessoas já foram presas por participação nos ataques até o final da manhã desta sexta (17), além da apreensão de 20 armas de fogo, 23 galões de gasolina usados para atear fogo em ônibus, dinheiro, drogas e munições.
As autoridades de segurança do estado afirmam que os ataques têm relação com as operações realizadas contra o tráfico de drogas, além da transferência de líderes de facções criminosas para outros presídios. As ordens para os ataques teriam partido de dentro da Penitenciária de Alcaçuz, a maior unidade prisional do estado, na Grande Natal.
A operação desta sexta (17) contou com o efetivo de mais de 100 policiais e o apoio de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). Outros 100 agentes da Força Nacional já atuam na contenção dos ataques desde quarta (15) e mais 90 agentes e 30 policiais penais devem desembarcar no Rio Grande do Norte até o fim do dia.
"Com o envio diário de novos efetivos, chegaremos a 500 membros da Força de Segurança Nacional atuando no nosso estado. Junto com as forças estaduais, seguiremos trabalhando para garantir o retorno à normalidade", disse a governadora Fátima Bezerra na manhã desta sexta (17).
Estados vizinhos como Ceará e Paraíba também já cederam reforços, com 30 policiais cada e mais três helicópteros.
Intervenção na segurança pública
Na última quarta (15), o ministro Flávio Dino, da Justiça, autorizou uma intervenção penitenciária no Rio Grande do Norte por 30 dias.
Segundo a portaria do governo, a força-tarefa coordena ações das atividades de serviços de guarda, vigilância e de custódia de presos. A operação tem apoio logístico e a supervisão dos órgãos de administração penitenciária e segurança pública do Estado.
Por outro lado, o senador Rogério Marinho (PL-RN) pediu que o governo federal vá além e decrete intervenção na segurança pública do estado. "A intervenção federal tem o objetivo de combater a inércia da governadora do RN e não impede a abertura de CPIs", disse na noite de quinta (16).
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