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Passados sete meses após a sua demissão, o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está mantendo em seu governo partidos que fazem oposição. Em entrevista para o jornal O Globo, Prates alegou também que sua demissão foi motivada por uma série de "factoides e de intrigas”.
Prates foi titular da função desde o início do governo, mas vinha manifestando publicamente divergências com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Para Prates, a estratégia do PT em relação à governabilidade, ao abrir espaços para partidos de centro, como o PSD, que hoje comanda três ministérios do governo Lula, incluindo o de Silveira, faz com que haja falta de controle e articulação. “A oposição hoje está dentro do governo Lula. Toda crise que acontece não é provocada pela oposição, é pela própria base governista.”
O ex-presidente da Petrobras disse que Lula erra ao manter na base aliada partidos que criam dificuldades no Congresso e crises dentro do próprio governo, como a que resultou em sua demissão. “Acabamos de ver uma votação em que dois partidos governistas votaram majoritariamente contra medidas do governo. Falta articulação, mas não é só isso”, comentou.
Ele ainda afirmou ser necessário dar “um basta” para atrair uma base mais “uníssona”. “Falta uma visão de guarda-chuva geral, chamar todo mundo e dizer: ‘se você é o partido x e tem o delegado, o coronel, o antilulista... ou você trata com esse cara ou tem que sair da base do governo. Vai me devolver o ministério’”, sugeriu Prates.
Motivo de atrito com Marina Silva, Prates não resolveu exploração na margem equatorial
A exploração da margem equatorial para obtenção de petróleo foi um dos atritos em que Prates se envolveu enquanto esteve no governo Lu. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho são contrários à exploração, alegando possíveis impactos ambientais. Prates, no entanto, chamava a margem equatorial de “novo pré-sal”.
Questionado durante a entrevista para O Globo sobre as chances de avanço, Prates disse que havia previsão para anunciar um acordo em outubro. "A ideia era mostrar que essa perfuração é investigatória, ela é simplesmente de exploração, e que nós teremos um outro período de discussão, mais severo, quanto às instalações de produção. É uma sonda para fazer três ou quatro furos, exploratórios, tirar os testemunhos, e dizer que tem óleo. Só isso. Aí para tudo. E aí vem outra guerra, para pegar outra licença”, disse Prates na entrevista.