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Deputados e senadores da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram a semana cobrando um posicionamento dele sobre a reeleição do ditador venezuelano Nicolás Maduro, em um processo com muitas suspeitas de fraudes e sem transparência.
Até o momento, apenas o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), aliado histório de Lula, se pronunciou parabenizando o líder chavista. Ministros e aliados do petista também seguem em silêncio.
Pelas redes sociais, o senador Sergio Moro (União-PR) lembrou que multidões de venezuelanos e a pesquisa de boca de urna apontavam uma vitória ampla da oposição até mesmo em redutos chavistas. “De repente, surge um resultado inacreditável a favor de Maduro, sem transparência e explicação. E Lula e Amorim? Ficarão como cúmplices da ditadura”, questionou.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez uma alusão a decisões judiciais brasileiras contra opositores do governo, afirmando que “vamos ver quantos minutos até que o ditador Maduro comece a prender opositores por 'atacar a democracia'”.
“Deve ser triste viver num país onde não se pode questionar o resultado de eleições, mesmo com indícios de fraudes”, completou.
O deputado federal Bilbo Nunes (PL-RS) pediu uma reação do “mundo democrático” a esse “roubo escancarado de Maduro onde eles garantem que 2+2 é 8 e não aceitam dúvidas”.
Kim Kataguiri (União-SP) lembrou que outros líderes sul-americanos, como o esquerdista Gabriel Boric (Chile) e o libertário Javier Milei (Argentina), já se pronunciaram não reconhecendo o resultado enquanto que o Brasil segue em silêncio.
“Será que Lula terá a coragem de fazer o mesmo? Ou será que ele irá fazer o que todos esperamos: baixar a cabeça para a ditadura na Venezuela por pura birra ideológica”, questionou.
A posição é semelhante à de Carla Zambelli (PL-SP), que disparou que a eleição na Venezuela foi “uma farsa desde o princípio”, controlada “inteiramente pela ditadura de Maduro”. “Vetou opositores como candidatos, determinou quem poderia ou não votar, colocou suas milícias para assustar os eleitores de regiões predominantemente contrários à ditadura, causou pânico com seus discursos violentos e por aí vai”, completou.
“Lula está calado frente essa violência contra essa nação irmã. Vai nos causar mais vergonha e reconhecer essa farsa, Lula? Toda minha solidariedade a esse povo tão sofrido. Que a Venezuela volte a ser livre”, exclamou a deputada.
“Mais uma fraude, ditador Maduro”, questionou o deputado federal Gilberto Silva (PL-PB) ironizando o líder venezuelano.
Ainda entre os parlamentares da oposição a Lula, o deputado Luciano Zucco (PL-RS) lembrou o passado rico da Venezuela que “entrou num caminho de miséria, corrupção e autoritarismo que parece não ter fim” após ter eleito o esquerdiata Hugo Chávez.
“Os venezuelanos viram Chávez e Maduro, grandes amigos de Lula e do PT, fazerem por lá tudo o que a esquerda sonha para o Brasil: estatizações de empresas, monopólio do poder de fogo nas mãos do governo, controle das diretrizes educacionais... Enfim, o de sempre”, disparou.
Para ele, o “triste resultado está aí”. “A Venezuela virou um dos países mais miseráveis e desiguais do mundo, com uma população absurdamente empobrecida e governantes vivendo como bilionários. E tudo com o apoio de Lula, do PT e da esquerda brasileira”, completou.
“Nosso iluminado Lula cala em respeito a democracia relativa bolivariana. Tem método”, afirmou o senador Rogério Marinho (PL-RN).
Ele emendou dizendo que o processo eleitoral na Venezuela foi um “escárnio e desrespeito com o povo”. Para o senador, a vitória de Maduro “escancara mais uma vez a ditadura socialista que oprime a Venezuela” com roteiro já conhecido.
“Amorim está na Venezuela, e atestará que amigo de Lula é democrata, tudo está normal. Se o Brasil aceitar esse estupro, repetirá o Padrão PT. Aguardemos”, pontuou.
Já a senadora Tereza Cristina (PP-MS) vê a eleição deste fim de semana como um “replay de teatros anteriores: zero transparência, sem boletins eleitorais, sem fiscais da oposição e com total discrepância entre a boca de urna, que dava 63% para a oposição, e o resultado de 51% para Maduro, anunciado pela Junta Eleitoral, controlada por ele”.
“E o governo brasileiro vai fazer o que? Estender de novo tapete vermelho para o ditador”, questionou ao lembrar da recepção que Maduro teve de Lula no ano passado, com honras de chefe de Estado em Brasília.
“O presidente brasileiro vai reconhecer a fraude e continuar com a amizade, ou romper o laço com Maduro e reconhecer o que todos sabem que aconteceu no país vizinho? Eu aposto na primeira opção”, completou o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS).
A vitória de Maduro foi confirmada no início da madrugada desta segunda (29) pelo CNE com 51,2% dos votos. O órgão, que é o responsável por organizar as eleições e é controlado pelo regime chavista, apontou que o opositor Edmundo González, da Plataforma Unitária Democrática (PUC), ficou em segundo lugar com 44,2%.
Com o resultado da eleição, Maduro conquistou mais uma reeleição e ficará no poder por mais seis anos.