Venezuela disparou um “ouviu, senhor Celso Amorim” ao defender a soberania do país frente às críticas “do mundo inteiro”.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já começou a cobrá-lo por um posicionamento claro sobre a eleição na Venezuela após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país confirmar a reeleição do ditador Nicolás Maduro na suposta auditoria das atas de votação sem a participação do grupo opositor.

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A proclamação do resultado foi divulgada nesta quinta (22) com um recado direto ao Brasil – principalmente ao assessor de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim – que vem cobrando a publicação dos documentos para se posicionar oficialmente sobre a eleição.

Lula, o governo brasileiro e aliados ainda não se pronunciaram sobre a provocação venezuelana, em que o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, disparou um “ouviu, senhor Celso Amorim” ao defender a soberania do país frente às críticas do “mundo inteiro”.

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O deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES) lembrou que até mesmo o presidente de esquerda chileno, Gabriel Boric, já reagiu à decisão do tribunal venezuelano dizendo que a fraude eleitoral foi consolidada no país, e que o Chile não reconhece a reeleição de Maduro.

“Vamos aguardar o posicionamento do desgoverno do PT”, disse em uma rede social.

Já o deputado Gilvan Aguiar Costa, conhecido como “Gilvan da Federal” (PL-ES), resgatou uma fala antiga de Lula em que questionava a fama de “homem mau” de Maduro, durante a recepção com honras de Estado que fez ao ditador no ano passado no Palácio do Planalto.

“Agora que a coisa tá feia tentam mudar o discurso, mas não fosse esse tipo de apoio ele não teria ido tão longe”, afirmou.

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Recentemente, Lula afirmou que não reconheceria a reeleição de Maduro até que a Justiça venezuelana apresentasse publicamente as atas da eleição separadas por mesa de votação para a realização de auditoria independente. No entanto, a decisão desta quinta (22) mantém o sigilo dos documentos e prevê até mesmo punição aos que constestarem o resultado.

O presidente brasileiro ainda negou que a Venezuela viva sob uma ditadura, mas que lá há um "regime muito desagradável" que ele classifica como "diferente" de um regime ditatorial. "É um governo com viés autoritário, mas não uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo", pontuou.

O anúncio da confirmação da reeleição de Maduro ocorre 25 dias depois do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamar a vitória do ditador, supostamente com 51,95% dos votos válidos. O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, teve 43,1% segundo o órgão.

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