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O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou nesta terça (30) que a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende convocar o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) para prestar esclarecimentos sobre o posicionamento do Brasil em relação às eleições na Venezuela.
Isso porque o governo ainda não se posicionou oficialmente sobre a questionada vitória do ditador Nicolás Maduro, em uma eleição que foi acompanhada pelo embaixador Celso Amorim, assessor de Lula para assuntos internacionais, com graves sinais de manipulação do resultado.
“Diante da omissão, do silêncio, da conivência e da falta de reação perante o novo golpe perpetrado por Maduro em sua ditadura na Venezuela, vamos propor a convocação do ministro das Relações Exteriores no Senado com urgência. Para tentar explicar o inexplicável”, escreveu Nogueira nas redes sociais.
A cobrança se dá por conta da falta de um posicionamento firme do Brasil frente a Maduro, diferente de outros países como a Argentina, o Chile e os Estados Unidos que já se pronunciaram contra a reeleição de Maduro. Isso porque a oposição venezuelana contesta o resultado do pleito e afirma que, conforme às atas a que teve acesso, venceu com mais de 70% dos votos.
O governo do presidente Lula cobrou da Venezuela a divulgação oficial das atas eleitorais para análise independente e transparente antes de se posicionar sobre a eleição.
“[O governo brasileiro] aguarda a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”, disse o Ministério das Relações Exteriores em nota.
De acordo com o Itamaraty, a publicação dos dados desagregados por mesa de votação é “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
À frente da Venezuela por mais de uma década, o regime autocrático de Maduro tem controle sobre os principais órgãos do governo, inclusive o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), que administra e organiza as eleições no país.
A oposição venezuelana, do candidato Edmundo González Urrutia, espera que Lula não reconheça a reeleição de Maduro, demonstrando assim que tem um real compromisso com a defesa da democracia. Porém, o histórico do petista não sugere que ele dará uma declaração nesse sentido.
Desde o início de seu atual mandato, Lula buscou a reaproximação com o regime chavista e vem apoiando a aceitação de Maduro em fóruns internacionais, além de negociar a retirada de sanções contra a Venezuela, sobretudo dos Estados Unidos, o que reduziu sua capacidade de exigir concessões democráticas do aliado.