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As revelações sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seguem repercutindo na política. Dessa vez, uma nova reportagem da Folha de São Paulo, publicada nesta quinta-feira (15), afirmou que o gabinete do ministro teria usado o TSE para acessar dados da polícia.
Segundo a nova reportagem, o policial Wellington Macedo, que integrava o gabinete de Moraes no Supremo Tribunal Federal, teria feito pedidos ao chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE, Eduardo Tagliaferro, para apurar fatos relacionados à segurança do magistrado e de seus familiares.
"Curioso não ter nenhuma mensagem para apurar compra de votos, investigar se traficantes estão praticando coação eleitoral, punir caixa dois ou transporte irregular de eleitores. Moraes só mandava seus capachos pesquisarem posts de internet de quem ele discordava. Frouxo", criticou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), na rede X.
Em outra publicação, Nikolas ressaltou "quem dera se Moraes gastasse o mesmo tempo e energia de perseguição contra o crime organizado e corruptos, como faz com senhoras, pessoas sem antecedentes criminais, com garota de 16 anos, baderneiros e meras postagens de internet".
"O papel desse juiz se resume a uma mentirosa “defesa da democracia”, já que não ataca nenhum personagem real que destrói nossa democracia", complementou o deputado mineiro.
Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou o fato dos seguranças de Moraes terem feito um "pedido informal" ao órgão do TSE para acessar dados da polícia de São Paulo. "Essa ferramenta "pedido informal" não caiu no meu concurso da PF. Mas pelo visto no concurso dos PFs do destacamento de Moraes (Stasi) caiu", escreveu.
As novas revelações contra Moraes também foram criticadas pelo deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP). "Os juízes de VERDADE (aqueles concursados de carreira, com ampla experiência prática de juiz) estão satisfeitos em ver os juízes FAKE (aqueles nomeados por criminosos) jogar todo o sistema judiciário na lama?", escreveu.
Para o deputado Marcel van Hatten (Novo-RS), o caso vem sendo chamado de "Abin Paralela de Xandinho".
Apelo ao impeachment de Moraes
Após o vazamento das mensagens sobre a atuação de Moraes, vários parlamentares começaram a se mobilizar em busca do processo de impeachment do ministro.
De acordo com o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN), "o escândalo expõe a perversidade da perseguição política". "Exige-se a anulação de todos os atos praticados por ele e, em seguida, o seu impeachment. Precisamos dar uma resposta firme à população brasileira e restaurar a credibilidade da Justiça no país.", disse.
Na mesma linha, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) destacou que “o conteúdo exibido é um caso que não apenas justifica um pedido de impeachment, mas também a anulação de todos os atos de Alexandre de Moraes enquanto presidente do TSE e responsável por inquéritos como o das fake news."
Nesta quarta-feira (14), um grupo de parlamentares lançou uma campanha nacional pelo impeachment de Moraes. Eles elencaram 13 motivos contra o magistrado para justificar o processo.
Novas revelações violam poder de polícia do TSE
As informações reveladas nesta quinta fazem parte de uma série de matérias da Folha de S. Paulo, sobre supostas tratativas do gabinete de Moraes no STF e a AEED no TSE para elaboração de relatórios sobre a atuação de jornalistas, deputados e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, entre agosto de 2022 e maio de 2023.
Ainda na terça-feira (13), após a primeira reportagem, o gabinete de Moraes defendeu sua atuação. Em nota, a equipe de Moraes disse que seus procedimentos “foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria-Geral da República”.
Em sessão do STF nesta quarta-feira (14), Moraes disse que seria "esquizofrênico" se "auto-oficiar" ao justificar pedidos de informações ao TSE, ao se referir sobre os relatórios solicitados à AEED que posteriormente embasaram decisões do ministro no STF.