Parlamentares da oposição criticaram a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, por representar o Brasil na abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, na França. O grupo apontou que Janja não poderia “cumprir uma agenda de chefe de Estado”. Além dos parlamentares, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também questionou a viagem.
“Como presidente do Pátria Voluntária, nós ajudamos o Brasil inteiro. Em lugares mais remotos, a nossa ajuda chegou, nós incentivamos, fomentamos o voluntariado e estamos colhendo os frutos hoje. Deixamos mais de 600 mil voluntários cadastrados, mais de 200 mil seguidores do programa… Infelizmente, o programa está parado”, disse Michelle em um vídeo divulgado nas redes sociais.
“Infelizmente, algumas primeiras-damas têm vocação para trabalhar, mas outras têm vocação para viajar e articular compra de móveis sem licitação”, acrescentou. A ex-primeira-dama afirmou que “não estava atacando ninguém”, apenas “falando a verdade”.
Michelle fez referência às trocas de acusações entre as duas sobre um suposto desaparecimento de móveis do Palácio da Alvorada.
Lula tinha direito a uma credencial de dignitário, mas anunciou no último dia 11 que a primeira-dama iria representá-lo nas Olimpíadas. Contudo, o prazo para solicitar um novo documento havia terminado.
Janja conseguiu a credencial para participar da cerimônia após a intervenção da diplomacia brasileira e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI).
Mourão aponta suposto “abuso de autoridade”
O ex-vice-presidente e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que o governo “preteriu” o atual vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e ministros ao mandar Janja como representante do país. Mourão também cobrou explicações do Itamaraty sobre a intervenção para conseguir as credenciais da primeira-dama.
“A ida de Janja à França é algo lamentável para o Brasil, que pretere seu vice-presidente e seus ministros em uma missão protocolar de representação. O Itamaraty deveria explicar como manobrou para obter as credenciais de chefe de Estado para a primeira-dama, algo que não lhe cabe”, afirmou o senador no X.
Mourão disse ainda que o caso pode configurar suposto abuso de autoridade por parte do governo Lula. “Penso que, no caso em tela, há abuso de autoridade do governo federal que designa para uma missão oficial, com custos para o erário, pessoa que não tem cargo e nem atribuição substitutiva”, frisou.
Nesta quinta (25), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) anunciou que pretende acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar suposto crime de abuso de autoridade para obtenção das credenciais.
Deputados criticam "protagonismo" de Janja
O deputado Coronel Telhada (PP-SP) criticou o “protagonismo político” de Janja. “Lula deu novas provas de querer dar protagonismo político à sua esposa, mesmo atropelando os limites institucionais do papel de primeira-dama. Ele não respeita hierarquia e mostra ao mundo a bagunça que é seu governo”, afirmou.
Na mesma linha, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) classificou a viagem da primeira-dama como um “novo embaraço diplomático e político”.
“Janja já provocou uma série de constrangimentos dentro e fora do país. Além de representar Lula como chefe de comitivas oficiais ao Rio Grande do Sul, de desrespeitar com sua presença os protocolos de cerimônias com chefes de Estado, e de falar em fóruns internacionais como enviada do Brasil. Agora, um novo embaraço diplomático e político envolvendo essa senhora”, disse Valadares.
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