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O ministro Flávio Dino, da Justiça, pode ter de ir à Câmara dos Deputados para dar explicações sobre a queda na quantidade de apreensões de drogas no Brasil nos sete primeiros meses deste ano, de acordo com dados recentes divulgados pelas polícias Federal e Rodoviária Federal. O pedido para ouvir o ministro foi protocolado na última semana pelo deputado Coronel Meira (PL-PE).
De acordo com o parlamentar, houve uma redução de 31,4% na quantidade de cocaína e de 28,6% de maconha apreendidas pelas autoridades na comparação com o mesmo período de 2022. Coronel Meira usou como base dados publicados na semana passada pelo Metrópoles e que foram parcialmente confirmados à Gazeta do Povo pelas polícias.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram apreendidas 274,6 toneladas de maconha de janeiro a 1º de agosto de 2023, contra 279,1 toneladas no mesmo período de 2022. Em relação à cocaína, foram 27,4 toneladas contra 34,5 toneladas nos períodos, respectivamente.
Já a Polícia Federal informou à reportagem apenas dados anualizados, sendo 213,5 toneladas de maconha entre janeiro e julho deste ano contra 414,8 toneladas ao longo de 2022. Em relação à cocaína, foram 44,5 toneladas contra 96,6 toneladas nos períodos, respectivamente.
“Nesse sentido, é de máxima relevância desta Comissão obter o esclarecimento, pelo Chefe da Pasta de Segurança Pública, acerca da súbita redução das operações policiais voltadas à apreensão das referidas drogas, uma vez que estas são importantíssimas para o deslinde no combate ao crime organizado no Brasil”, escreveu Meira no requerimento (veja na íntegra).
A Gazeta do Povo também pediu ao Ministério da Justiça ainda na segunda (2) uma explicação sobre a redução nas apreensões de maconha e cocaína pelas duas polícias, que são subordinadas à pasta. No entanto, não houve resposta até o fechamento da reportagem.
O governo federal vem sendo cobrado, desde o começo do ano, por uma resposta à ação das facções criminosas que agem em todo o país e que tem no narcotráfico uma das suas principais atuações. São, pelo menos, 60 grupos identificados pelo ministério e que serão alvos do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Enfoc), lançado nesta segunda (2) e que terá o investimento de R$ 900 milhões em recursos para o desenvolvimento de ações de combate.
O plano, no entanto, é contestado por especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo, que afirmam que a ação é um "paliativo inútil" com "pouco dinheiro" e baixo contingente frente às situações que serão enfrentadas principalmente nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro -- as duas unidades federativas receberam recursos e agentes extras para conter as ondas de violência que os atingem.