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Os representantes da oposição na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro pressionaram o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), na sessão desta terça-feira (12), para que adote ações concretas para identificar e interrogar um pequeno grupo de vândalos que confrontou policiais durante a invasão das sedes dos três poderes em Brasília. Eles destacaram que, após ouvir o depoimento da cabo Marcela Pinno, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que estava na linha de frente durante os atos de vandalismo e foi ferida no confronto, ficou evidente que de cinco a dez indivíduos atuaram de forma coordenada e premeditada, enquanto milhares de manifestantes pacíficos acabaram sendo detidos pelas mesmas ações.
Contrariando a narrativa dos governistas de que as agressões foram resultado de ressentimentos acumulados e de um suposto plano de golpe de Estado, os membros da oposição tomaram por base as informações da própria cabo Marcela para mostrar que ela e seu grupamento - de menos de 20 policiais - foram alvo da violência dos poucos agressores equipados e aparentemente treinados. Os parlamentares questionaram se era possível nomear os vândalos mais agressivos vistos nas imagens do dia 8 de janeiro e se eles ficaram todo o tempo em liberdade, contrastando com a prisão de milhares de cidadãos sem histórico criminal e que não cometeram atos de vandalismo ou agressões físicas. A testemunha da PMDF não soube informar qual foi o paradeiro daqueles que enfrentou nas invasões.
Os oposicionistas também destacaram que muitos manifestantes se opuseram às cenas de destruição e violência, pedindo calma e o fim das ações criminosas, conforme atestam algumas imagens. “Ninguém questiona a existência dessas pessoas que praticaram atos de extrema violência contra policiais e o patrimônio público, nem a necessidade de punir elas com todo o rigor da lei. Mas a pergunta que não foi respondida até agora é onde estão essas pessoas, quem são elas e se elas permaneceram livres o tempo todo”, questionou o senador Marcos Rogério (PL-RO).
O senador reconhece que houve falhas da Polícia Militar e, sobretudo, das forças de segurança da União, mas lamenta que a CPMI insista em direcionar a culpa dos excessos para todos os manifestantes, sem individualização de condutas, como manda a Constituição.
Na mesma linha, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) exigiu a convocação dos vândalos que destruíram acervos dos palácios e, sobretudo, aqueles que agrediram policiais. “Não é uma questão de esquerda ou direita, mas de transparência e de justiça. Muitos inocentes estão pagando pelos culpados”, disse.
Testemunha descreve agressores como grupo isolado e equipado
A cabo Marcela Pinno foi reconhecida por todos os membros da CPMI como uma figura heroica e corajosa. Ela enfatizou que não percebeu nenhum comportamento de leniência por parte de outros policiais ao tentar conter os manifestantes. A policial também descreveu os agressores como um grupo isolado, organizado e equipados com máscaras de gás, joelheiras, luvas, toalhas, lenços e objetos usados para agredir. "Era algo perceptível", disse ela.
Além disso, ela confirmou que dois batalhões da Força Nacional começaram a atuar na Praça dos Três Poderes somente quando as hostilidades já haviam cessado. Outros dois pelotões estavam a postos e mais três poderiam ter sido acessados.
“Ficou muito claro que a Polícia Militar cumpriu o seu papel, enquanto agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e da Força Nacional ficaram de braços cruzados e com escudos pousados no chão, expondo oficiais - como a cabo Marcela - ao risco de serem feridos e mortos”, protestou o senador Jorge Seif (PL-SC).
Em complemento, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) creditou os momentos mais tensos e o desfecho trágico do 8 de janeiro a uma “omissão deliberada” das autoridades federais de segurança, sobretudo GSI e Ministério da Justiça. Ele relembrou depoimentos feitos ao Ministério Público que mostram a resistência de soldados do Exército em abrir espaços para proteger policiais em busca de abrigo tático em cercados do Palácio do Planalto.
Suspeita de infiltrados e de ligação com crime organizado
Soldado da corporação desde 2019, sempre no Batalhão de Choque, a cabo Marcela Pinno afirmou que o grau de violência registrado por ela e seus colegas no 8 de janeiro foi bem diferente de outras manifestações nas quais atuou. “Jamais, nestes quatro anos de atuação, estive diante de tamanha agressividade”, revelou ela. A integrante da PMDF relatou que o seu grupamento chegou ao Ministério da Justiça quando já havia manifestantes no local. A ação dos vândalos obrigou o reposicionamento para a cúpula do Congresso, onde, segundo ela, ocorreram os confrontos mais violentos.
O deputado André Fernandes (PL-CE) quer que a CPMI investigue a possibilidade de infiltrados nas manifestações do 8 de janeiro, com o propósito de causar distúrbios e cenas de violência, além da suspeita de atuação de grupos do crime organizado no financiamento dos atos.
Ele lembrou que investigações da Polícia Federal (PF) identificaram a presença de membros de uma facção criminosa originada no Ceará durante a 16ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada na terça-feira (5). Foi solicitado à Procuradoria-Geral da República (PGR) o cumprimento de mandados em 13 endereços no estado. "Essa informação pode dar novo curso à CPMI. Basta lembrar que a vitória de Lula foi comemorada nos presídios", afirmou.