Parlamentares do partido Novo protocolaram um Requerimento de Informação (RIC) para ouvir o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, sobre uma reunião com o embaixador do Irã, Hossein Gharibi, em 19 janeiro deste ano. O governo de Teerã é uma ditadura e historicamente vem financiando o grupo terrorita palestino Hamas, que lançou atentados terroristas contra Israel no último dia 7.
O Irã é suspeito de financiar e treinar terroristas do Hamas para o ataque. O país negou a acusação, mas foi um dos primeiros a apoiar publicamente a ação terrorista.
“Por que a preferência por receber o embaixador do Irã em relação a tantas outras nações que até hoje não foram recebidas pelo ministro de direitos humanos por meio de seus representantes oficiais? E será que isso tem alguma relação com o fato de o ministro ter demorado até a se manifestar sobre os ataques terroristas do Hamas e até o momento não ter chamado o Hamas de organização terrorista?”, questionou o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS).
O requerimento é assinado por Van Hatten e subscrito pelos deputados Adriana Ventura (Novo-SP) e Gilson Marques (Novo-SC).
O encontro do ministro dos direitos humanos de Lula com o embaixador iraniano também é uma contradição porque é notória a fama do Irã de cometer abusos de direitos humanos. O caso recente mais simbólico foi a morte da jovem Mahsa Amini, que foi presa em 2022 pela polícia de costumes do Irã por não usar de maneira adequada um véu para cobrir os cabelos. Ela sofreu agressões e morreu sob custódia. O episódio deflagrou uma série de protestos, que foram reprimidos com mais violência pelo governo iraniano.
Os deputados do Novo questionam o motivo do ministério ter registrado o encontro apenas no dia 16 de fevereiro, quase 30 dias após o ocorrido, e publicado no dia 17 do mesmo mês. Apesar de constar na planilha fornecida pelo ministério, o encontro não está registrado na agenda virtual da pasta. De acordo com o Decreto 10.889/2021, os ministros de Estado devem cadastrar seus eventos no dia e realizar sua publicação até sete dias após o ocorrido.
A data real da reunião pode ser confirmada em publicação feita pelo próprio embaixador no “X”, antigo Twitter, no dia 19 de janeiro.
“A primeira reunião oficial com os novos membros do gabinete: Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil. O governo do Sr. Lula está muito interessado em direitos humanos. Existem excelentes motivos para o diálogo, a cooperação e a troca de experiências úteis/construtivas para o desenvolvimento social. Abuso político e padrões duplos: grandes inimigos da promoção dos direitos humanos”, disse Gharibi.
Outro questionamento levantado pelos parlamentares é a duplicidade de registro do encontro. No dia 5 de setembro, o ministro lançou um segundo registro do mesmo encontro entre Silvio Almeida e Gharibi.
À Gazeta do Povo, Marcel Van Hatten criticou o governo por realizar encontros com representantes de países que oprimem seus cidadãos. O parlamentar também cobrou transparência por parte do Executivo.
“Este governo tem demonstrado predileção por ditaduras sobre democracias desde ainda antes de assumir e agora nós vemos mais uma vez que também na prática, não apenas no discurso, a preferência por um regime que oprime os seus cidadãos por meio de violações dos direitos humanos tem sido clara por parte justamente do Ministro dos Direitos Humanos, uma contradição enorme. Enquanto isso, o governo se nega a chamar o grupo Hamas terrorista. Nós precisamos esclarecer esses fatos junto ao governo e expor à sociedade o que o Lula e seus ministros realmente defendem. Acho que é isso aí”, disse Van Hatten.
Irã é visto como principal financiador do Hamas
O requerimento de convocação ocorre em meio à guerra entre Israel e o Hamas, grupo terrorista residente na Faixa de Gaza. Até o momento, mais de três mil pessoas morreram em decorrência do conflito.
Apesar de negar envolvimento com grupo terrorista, o Irã é apontado como um dos principais financiadores do Hamas. Na última quinta-feira (12) porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, e o tenente-coronel Amnon Sheffler, das IDF, atribuíram ao Irã a responsabilidade de financiamento e treinamento de organizações terroristas. “O Irã é o principal financiador de terrorismo em toda a região do Oriente Médio”, disse Haiat.
De acordo com Sheffler, o Irã tem participação direta no financiamento de todas as organizações que se colocam na linha de frente da Jihad, a “guerra santa” perpetrada por fundamentalistas. “Não estou falando especificamente deste ataque, mas em geral. O suporte está relacionado à capacidade de agir do Hamas nos últimos 15 anos”, disse o tenente-coronel.
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