A política María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, solicitou que o governo brasileiro reconheça Edmundo González Urrutia como presidente eleito. Segundo ela, perseguida pelo regime do ditador Nicolás Maduro, esse reconhecimento poderia exercer pressão para que o atual mandatário deixe o cargo, ocupado por mais de uma década.
"O que esperamos é que o Brasil reconheça Edmundo González como presidente eleito, de modo que se possa pressionar Maduro e ele perceba que sua melhor opção é uma transição organizada", afirmou Machado durante uma reunião da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (3).
A reunião contou com a participação virtual de Corina e de González, convidados pelo deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP). O objetivo foi ouvir lideranças políticas e autoridades internacionais sobre as controversas eleições venezuelanas. A crise política no país se intensificou após a declaração da reeleição de Maduro no pleito presidencial de 28 de julho, sem comprovação adequada dos resultados.
A oposição venezuelana sustenta que Edmundo González foi o verdadeiro vencedor das eleições e alega possuir provas que respaldam sua vitória. Em contraste, Maduro não apresentou documentos que confirmem sua reeleição, enquanto as atas eleitorais que validariam a vitória de González foram divulgadas e reconhecidas por organizações internacionais.
Durante sua fala na Comissão, a líder da oposição venezuelana reforçou a necessidade de uma transição pacífica e reiterou a legitimidade de González como presidente eleito. "A Constituição venezuelana é clara: quem obtiver o maior número de votos é o presidente eleito. Edmundo González venceu de forma avassaladora e deve assumir em 10 de janeiro, como prevê a Constituição", declarou.
Apesar do apelo, especialistas indicam que o pedido de reconhecimento por parte do Brasil dificilmente será atendido.
"Brasil não reconhece governo, reconhece Estados", diz chanceler
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem adotado uma postura favorável ao ditador venezuelano. Apesar de o Brasil ter condicionado o reconhecimento da reeleição de Maduro à apresentação das atas que comprovem os resultados, essas provas nunca foram divulgadas. Ainda assim, o governo brasileiro não questionou oficialmente o processo eleitoral.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, o Brasil mantém sua política de "reconhecer Estados, e não governos". Essa abordagem evita rompimentos diplomáticos e assegura o funcionamento de embaixadas e consulados, ainda que não haja uma manifestação pública de reconhecimento.
Diplomatas brasileiros ouvidos sob condição de anonimato ressaltaram que o reconhecimento de González teria pouco impacto prático, dado que ele não detém controle sobre as instituições venezuelanas.
Oposição venezuelana diz que ditador é culpado por êxodo
Outro tema abordado durante a Comissão foi a grave crise migratória vivida pela Venezuela. Milhões de venezuelanos têm deixado o país em busca de melhores condições de vida, com o Brasil sendo uma das principais rotas para os refugiados. Para María Corina e Edmundo González, o regime de Maduro é o principal responsável por esse êxodo.
"A única forma de resolver a migração é eliminando a causa, que é o regime opressor. Queremos democracia, resolver o problema migratório e transformar a Venezuela em um estado de direito", defendeu Machado.
Com mais de uma década no poder, Nicolás Maduro, que assumiu a presidência após a morte de Hugo Chávez, enfrenta acusações de graves violações aos direitos humanos, perseguição de opositores e de ser o principal responsável pela maior crise econômica e social da história venezuelana.
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