O Congresso Nacional pode votar, nesta terça-feira (17), o projeto de lei orçamentária para 2020. Por lei, o Orçamento precisa ser aprovado até o final do ano legislativo – e, segundo o calendário parlamentar, esta é a última semana de atividade do Legislativo em 2019.
O Orçamento previsto para o ano que vem estima um total de receitas líquidas primárias – ou seja, aquelas que excluem a dívida pública – em R$ 1,6 trilhão. Desse montante, R$ 288,6 bilhões devem ser repassados para os demais entes federativos.
As receitas e despesas totais são de R$ 3,6 trilhões. O déficit fiscal (ou seja, o montante de despesas que deve ser maior do que as receitas) está estimado em R$ 124,1 bilhões para o governo central.
A matéria é extensa, já que prevê o Orçamento para todo o Executivo federal no próximo ano. Alguns pontos, porém, chamam a atenção ou podem causar controvérsia na votação desta terça (17). A Gazeta do Povo preparou uma lista com cinco deles. Confira:
1. Fundo eleitoral generoso
Um dos pontos de maior polêmica é o montante que será destinado para o financiamento das eleições municipais do ano que vem. A proposta do governo era destinar R$ 2 bilhões para o pleito de 2020. Na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, entretanto, o relator da matéria – o deputado federal Domingos Neto (PSD-CE) – aumentou o valor do fundo para R$ 3,8 bilhões.
A proposta causou repercussão negativa. O próprio presidente Jair Bolsonaro indicou que, se for aprovado no Parlamento, o aumento deve ser vetado por ele. Os parlamentares optaram então por não comprar essa briga. Na noite desta segunda-feira (16), o relator anunciou que há acordo para aprovar o fundão no valor proposto pelo governo, de R$ 2 bilhões, que é um montante bastante generoso.
2. Reajuste do salário mínimo
A Constituição garante que o salário mínimo seja revisto anualmente, para que não haja perda do poder de compra. Em 2020, porém, o valor deve ter aumento apenas relativo à inflação, sem aumento real.
De acordo com a projeção do governo, o salário mínimo terá reajuste de 3,31%, passando de R$ 998 para R$ 1.031. O novo valor gera um impacto significativo nas contas públicas, já que as aposentadorias e benefícios sociais são vinculados ao mínimo. Somente no caso do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o aumento deve provocar impacto de R$ 1,72 bilhão.
A previsão de reajuste estabelecida no Orçamento, contudo, não necessariamente será colocada em prática pelo governo. Como o nome diz, trata-se de uma previsão – que pode ser alterada se o governo achar necessário. Inicialmente, a ideia era reajustar o salário mínimo para R$ 1.039.
3. Parcela do Orçamento condicionada à aprovação do Congresso
As contas do ano que vem também devem incluir uma parcela significativa de recursos condicionados à aprovação de um crédito suplementar pelo Congresso. Isso porque o Executivo deve desrespeitar a regra de ouro – ou seja, ter que se endividar para pagar despesas correntes.
Quando isso acontece, a Constituição prevê que o governo só pode se endividar mais se houver a anuência do Congresso, por meio da aprovação de um crédito suplementar. Para o ano que vem, a perspectiva é de que R$ 367 bilhões dependam da aprovação dos parlamentares para que possam ser gastos.
O valor está distribuído entre várias rubricas. As que têm maior valor condicionado à aprovação do crédito suplementar são o pagamento de benefícios previdenciários (R$ 156 bilhões); de pessoal e encargos sociais (R$ 104 bilhões); e do Bolsa Família (R$ 9 bilhões).
Em 2019, o governo teve que pedir autorização ao Congresso para poder honrar todos os seus compromissos. O montante do crédito suplementar necessário, porém, foi menor: R$ 248,9 bilhões.
4. Orçamento de investimentos em queda
O valor dos investimentos previstos para o ano que vem, por outro lado, diminuiu em relação ao ano passado. A previsão da lei orçamentária é de que R$ 143,9 bilhões possam ser alocados para isso em 2020. A maior parte (R$ 121,4 bilhões), porém, são investimentos das empresas estatais.
Considerando apenas os orçamentos fiscal e da seguridade social, o valor cai para R$ 22,4 bilhões. O montante é menor do que o previsto no Orçamento de 2019 (R$ 36 bilhões), e vem em queda desde 2013. Naquele ano, a previsão orçamentária era de R$ 86,5 bilhões em investimentos.
Na prática, a queda no valor disponível diminui a liberdade do governo na gestão dos recursos públicos. Isso porque a maior parte do Orçamento está comprometido com o pagamento de despesas obrigatórias, que incluem aposentadorias e o custeio da máquina pública.
Como o Executivo precisa cumprir o teto de gastos, os investimentos ficam cada vez mais comprimidos, já que os gastos obrigatórios crescem, ano a ano, de forma automática (com o reajuste dos benefícios e o aumento do número de aposentados, por exemplo).
5. Sem repasses da Lei Kandir
Por fim, assim como em 2019, o Orçamento do ano que vem não prevê o pagamento de compensações aos estados por conta da Lei Kandir. A norma, que dispõe sobre a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – de competência estadual, prevê a isenção do pagamento do tributo para a exportação de produtos.
A norma também prevê que, como forma de compensar a renúncia de arrecadação, a União repassaria recursos para os estados. O ministro da Economia, Paulo Guedes, contudo, já havia adiantado que o governo de Jair Bolsonaro não pagaria mais as compensações – que vêm sendo alvo, inclusive, de disputas judiciais entre os entes federativos.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF