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Se 2018 foi o ano de renovação na política, 2022 promete ter eleições mais "tradicionais". As pesquisas em geral indicam que os "outsiders" – pessoas que pretendem se aventurar na carreira política e disputar eleições pela primeira vez – terão um caminho mais difícil do que há quatro anos, quando havia uma "onda antipolítica". Além disso, ao menos por enquanto, poucos outsiders têm sido cotados para cargos importantes. E a maioria desses nomes têm ou tiveram relações políticas – o que, dependendo da definição que se dá ao termo "outsider", pode até mesmo tirá-los dessa relação.
Alguns "outsiders genuínos" que foram cotados como presidenciáveis – como o apresentador da Globo Luciano Huck e a presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza, Luiza Trajano – descartaram a participação nas eleições de 2022. Agora, a eleição presidencial tem um único "outsider clássico": o apresentador da Band TV José Luiz Datena (PSL). Embora ele já tenha se filiado a vários partidos e cogitado disputar algumas eleições, nunca fez isso nem participou de algum governo.
O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (sem partido) também é cotado para concorrer à Presidência ou ao Senado. Mas, embora ele nunca tenha disputado eleições, foi ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro.
Moro e Datena nas pesquisas de intenção de voto, por enquanto, não conseguem romper a polarização entre o Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas, dependendo do levantamento eleitoral, chegam a ocupar a terceira posição – o que demonstra que, na condição de outsiders, podem se tornar nomes viáveis da terceira via.
Nas disputas estaduais, até o momento, são poucos os outsiders que surgiram. Destacam-se o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, cotado para disputar o governo do Rio de Janeiro; e o empresário Luciano Hang, que pode concorrer ao Senado por Santa Catarina. Mas, embora nunca tenham disputado eleições, ambos têm tido uma atuação política mesmo estando fora do mundo político. Hang é um dos principais apoiadores de Bolsonaro dentro do empresariado. E Santa Cruz já disputou eleições (sem vencer) é um crítico do presidente da República.
Outsiders presidenciais: Datena chegou a 11%; Moro atingiu 10%
Nas várias pesquisas eleitorais realizados nos últimos meses por diferentes institutos de pesquisa, Datena apareceu em terceiro lugar em duas ocasiões: em julho, em um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas (com 7% das intenções de voto); e em outubro, na pesquisa do Instituto Quaest (com 11%). No levantamento do Paraná Pesquisas, Lula tinha 33,7% e Bolsonaro, 32,7%. E, na pesquisa Quaest, o petista tinha 42% e o atual presidente, 24%.
A pesquisa mais recente divulgada pelo Datafolha, em 17 setembro, mostrou Datena com 4% das intenções de voto, mesmo percentual apresentado por um levantamento realizado pelo PoderData no fim do mesmo mês. No Datafolha, Lula e Bolsonaro fizeram, respectivamente, 42% e 24%. E, no PoderData, 40% e 30%. O porcentual de intenção de voto em Datena, porém, é semelhante aos dos demais concorrentes, como Luiz Henrique Mandetta (DEM), Eduardo Leite (PSDB), João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
Já Sergio Moro, em pesquisa divulgada pelo Ipespe em 30 de setembro, aparecia em quarto lugar na disputa para a presidência, com 7% das intenções de voto, atrás de Lula, Bolsonaro e Ciro (que fizeram 42%, 25% e 9%, respectivamente). Em um levantamento realizado no começo de outubro, pelo instituto Quaest, Moro registrou 10% das intenções de voto, ficando em terceiro lugar (atrás de Lula e Bolsonaro, com 44% e 24%).
Luciano Hang é favorito ao Senado em Santa Catarina
O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, se destaca dos demais outsiders por ser um dos favoritos para o cargo que pode concorrer: a única vaga ao Senado por Santa Catarina que estará em disputa em 2022.
Em julho, o Instituto Paraná Pesquisas publicou um levantamento mostrando que o empresário estava em primeiro lugar na disputa ao Senado, com 22,9% das intenções de voto. Considerando-se a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, Hang estava tecnicamente empatado com o ex-governador catarinense Raimundo Colombo, que apareceu com 17% dos votos. Se decidir entrar para a vida pública, o dono da Havan deverá ser o candidato ao Senado apoiado por Jair Bolsonaro.
Felipe Santa Cruz só tem 2% para o governo do Rio
Em levantamento do instituto Real Time Big Data, divulgado pela TV Record em 1.º de outubro, O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, obteve apenas 2% das intenções de voto para governador do Rio de Janeiro. O baixo percentual pode ser explicado, em parte, porque ele nem sequer lançou sua pré-candidatura. O nível de rejeição a seu nome, porém, é alto: 31%. Nessa mesma pesquisa, deputado Marcelo Freixo tem 25% e o atual governador do Rio, Claudio Castro, 18%.
Felipe Santa Cruz não é exatamente um outsider da política. Embora nunca tenha sido eleito, já foi candidato a vereador do do Rio de Janeiro pelo PT em 2004 e, durante seu mandato como presidente da OAB, tem sido criticado por juristas e parte da sociedade civil por tornar a Ordem mais envolvida com questões políticas. Embates com o presidente Jair Bolsonaro e simpatizantes e acenos a pautas consideradas de esquerda são exemplos desse posicionamento.
Santa Cruz deve anunciar sua pré-candidatura ao Palácio Guanabara pelo PSD em breve. Ele conta com o apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que recentemente se filiou ao partido.
Metodologia das pesquisas citadas na reportagem
Pesquisas para presidente
O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 2.010 eleitores entre os dias 24 e 28 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
O instituto Quaest realizou sua pesquisa entre 30 de setembro e 3 de outubro, com 2.048 entrevistas em 123 municípios brasileiros. A margem de erro estimada é de 2.2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiabilidade da pesquisa é de 95%.
A pesquisa do Datafolha foi realizada de maneira presencial com 3.667 pessoas, com 16 anos ou mais, em 190 cidades, entre os dias 13 e 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O PoderData consultou, por telefone, 2.500 pessoas em 451 cidades em todos os estados do país, entre os dias 27 e 29 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
O Ipespe entrevistou 1.000 pessoas de 16 anos ou mais, de todas as regiões do país, entre 22 e 24 de setembro. As entrevistas foram feitas por telefone. Segundo a empresa, foi usada uma amostra nacional representativa do eleitorado brasileiro. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95,5%.
Pesquisa da eleição ao Senado em Santa Catarina
O Instituto Paraná Pesquisas ouviu 1.514 entrevistados entre os dias 15 e 19 de julho de 2021. A margem de erro é de 2,5% e o nível de confiança é de 95%.
Pesquisa para o governo do Rio de Janeiro
O instituto Real Time Big Data ouviu 1.200 pessoas entre os dias 28 e 29 de setembro de 2021. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.