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O governador do estado do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou nesta quarta (11) que o bioma do Pantanal ainda sofrerá com as chamas por mais duas ou três semanas e pode chegar ao recorde de incêndios de 2020, em que foram registrados 2,5 mil em apenas 10 dias do mês de setembro.
O bioma é um dos que mais sofrem com a onda de incêndios florestais que atingem o país e já tem, apenas neste ano também até o dia 10 de setembro, 736 focos – quase o dobro da comparação com todo o mês de setembro de 2023.
Riedel ainda afirmou que a situação vivida neste ano, agravada por condições climáticas adversas, se dá também por conta de incêndios criminosos em que há uma “motivação” que precisa ser descoberta.
Segundo o governador sulmatogrossense, que chegou a classificar a situação como um “barril de pólvora” em junho, ainda não chegou ao que foi visto em 2020 por conta das ações de combate que têm sido desenvolvidas inclusive com a ajuda de bombeiros de outros estados, como do Paraná e de Santa Catarina.
Riedel explica que o Mato Grosso do Sul se antecipou à decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou um reforço nos efetivos de combate às chamas – embora considere “louvável” a ordem do magistrado.
“Sem dúvida, acho que a gente pode atingir o mesmo número de 2020. Vai depender muito da extensão desse período nessa condição que estamos vivendo hoje, estamos com umidade relativa de menos de 10%, ventos acima de 30 quilômetros por hora, um calor muito intenso – hoje está previsto 39, 40 graus. São condições em que a propagação de qualquer foco é muito rápida”, afirmou em entrevista à GloboNews.
De acordo com ele, no ano de 2020 foram queimados 3,5 milhões de hectares do bioma, e neste momento já passa de 2,7 milhões. No entanto, Riedel afirma que o Pantanal ainda tem 84% da área preservada e negou que haja a possibilidade de ser extinto até o final do século, como disse a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) em uma audiência no Senado.
Riedel pontuou, ainda, que a condição climática deste ano é pior do que a registrada em 2020, e que vem aumentando o efetivo do Corpo de Bombeiros desde então para tentar evitar que se chegue a uma situação semelhante. Foram abertas 13 bases permanentes com infraestrutura necessária para o combate às chamas.
O governador sul-mato-grossense ressaltou que ainda não é possível cravar se a seca deste ano veio para ficar em definitivo ou se faz parte do ciclo natural que o Pantanal vive periodicamente, com períodos de cheias e de estiagem. Uma previsão mais exata sobre isso, diz, ainda vai depender de estudos mais especializados mesmo com a recente seca de 2020.
“A gente tem uma realidade de que o incêndio não é provocado pela queimada de qualquer tipo de derrubada ou abertura de área. O Pantanal tem uma pecuária pelos ciclos de cheia e de seca que essa situação não avança muito, por isso tem 84% do bioma preservado. Não é nem por falta de pressão ou de busca de ampliação”, pontuou.
Por outro lado, Eduardo Riedel afirmou que o estado tem atuado com firmeza para apurar as causas dos incêndios principalmente os que tenham sido provocados criminosamente.
“Temos que melhorar muito a conscientização de muitos, e estamos falando também de criminosos, muitas vezes com intenções que a gente nem sabe”, disse lembrando dos muitos pontos simultâneos de queimadas no interior de São Paulo e, até mesmo, das florestas plantadas no Mato Grosso do Sul para a produção de celulose que também registraram focos de incêndios.