“O PT não é mais o que era antes”. Esta foi a frase repetida em grupos de whatsapp e telegram bolsonaristas que acompanharam as manifestações de sábado (29), contra o presidente Jair Bolsonaro, organizadas por partidos de esquerda, sindicatos e movimentos populares. Apesar de registrar um contingente significativo de pessoas nos atos de São Paulo e Rio de Janeiro, políticos e lideranças de direita não têm dúvidas de que os atos a favor de Bolsonaro, tanto no dia 1º de maio quanto na Marcha das Famílias, em 15 de maio, reuniram maior quantidade de pessoas, em mais municípios. Fato que contrariaria o resultado de pesquisas publicadas este ano para as eleições de 2022.
“As manifestações do dia 1º de maio foram lotadas em 4 mil cidades, comparar as manifestações deste sábado contra o presidente com as manifestações dos dias 1º de maio e 15 de maio é brincadeira”, disse a deputada Bia Kicis (PSL-DF). “Essa de ontem não tinha manifestantes, tinha hipocrisia, pessoas violentas chutando a cabeça do presidente, jogando pedra na polícia, gente abaixando as calças, era isso que tinha. Sobrou hipocrisia e faltou manifestante, a realidade é essa”, continuou.
Para a deputada, a menor adesão nas manifestações contra o presidente mostra como algumas pesquisas eleitorais para 2022 não são confiáveis. “O número de manifestantes da rua [a favor de Bolsonaro] mostra a popularidade do presidente, mas grande parte da mídia quer mostrar que o presidente tem menos popularidade que o Lula. É por isso que gente precisa da urna eletrônica com voto impresso para poder confiar nas eleições de 2022. Sem isso, a gente vai continuar desconfiando [da apuração do pleito], com toda legitimidade para desconfiar”, continuou a deputada.
No sábado e no domingo, senadores e deputados que apoiam Bolsonaro postaram vídeos de manifestações em outras cidades do país, com pouca adesão. Até o volume de pessoas contra Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo, o protesto mais significativo no país, foi menosprezado.
“Isso é matemático: dizem que na Avenida Paulista dá para colocar 2 milhões de pessoas. Não dá: com 2,5 km de extensão e 35 metros de largura, tendo em conta 4 pessoas por metro quadrado, caberiam, no máximo, 500 mil pessoas. Se você olhar as imagens do dia 1º [nos protestos a favor de Bolsonaro], é possível chegar a 50 mil pessoas. Neste sábado, contra o presidente, não havia mais de 10 mil pessoas”, diz, convicto, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP). “Consideravelmente, o que a gente viu nos anos de 2002 a 2010, com o povo na rua apoiando o PT, de coração, não existe mais. Lula tem certa aceitação, mas está longe de ser o que era”, acredita.
Para o deputado federal Ricardo Barros, as manifestações da esquerda deste sábado, sem distanciamento social em São Paulo e Rio de Janeiro, esvaziam as críticas às aglomerações em atos com o presidente. “Foi muito útil que tenham feito isso. Criticam de forma tão convicta as mobilizações do presidente e de repente fazem a mesma coisa. Pelo menos este assunto fica superado”, disse o deputado à Folha de S. Paulo.
Para ele, os atos antecipam de alguma forma as eleições de 2022. “A polarização está consolidada. A terceira via vai se dividir em muitas candidaturas. Como se diluem as candidaturas, a tendência é Lula e Bolsonaro no segundo turno”, disse Barros à Folha.
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