A retomada das sessões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 8 de janeiro ocorrerá na manhã desta terça-feira (11) com os membros governistas empenhados em buscar evidências comprometedoras contra Jair Bolsonaro (PL) por meio do depoimento do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid.
A Polícia Federal (PF) encontrou mensagens e documentos suspeitos em seu celular que, segundo as investigações, indicariam que ele estaria defendendo a realização de um golpe de Estado.
Considerando a expectativa de que o militar se mantenha em silêncio, autorizado pela Justiça, como fez em depoimentos anteriores, os parlamentares aliados ao governo estão recorrendo até a chantagens. Eles alertaram Cid de que, caso ele permaneça calado, sua esposa Gabriela poderá ser convocada para depor sobre as mesmas acusações de golpe.
O deputado Duarte Jr. (PSB-MA), ligado ao grupo político do ministro da Justiça, Flávio Dino, adiantou essa estratégia nas redes sociais como uma forma de pressionar o ex-auxiliar de Bolsonaro. Ele ressaltou que Gabriela havia dito que o dia 8 de janeiro seria "uma guerra". Portanto, afirma que ela pode ser convocada, mas que isso "dependerá do depoimento de Mauro Cid".
"Se ele colaborar e falar, não será necessária a convocação de Gabriela para esclarecimentos". O objetivo do deputado maranhense e dos demais parlamentares governistas na CPMI é obter elementos que confirmem a tese de que Bolsonaro foi o mentor intelectual de um suposto plano golpista.
Por isso, Mauro Cid é novamente visto como uma grande aposta do governo para manter o controle das investigações, seguindo a linha proposta pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que consiste em construir um cronograma baseado na sequência de eventos que culminaram nas invasões de prédios públicos em 8 de janeiro.
Passados seis meses desses atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes e uma semana após uma interrupção causada pelo "esforço concentrado" na Câmara para votar a reforma tributária e outros projetos econômicos de interesse do governo, os trabalhos da CPMI serão interrompidos novamente por duas semanas após a reunião da próxima quinta-feira (13) devido ao recesso parlamentar.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) acredita que a presença de Cid serve como uma distração para evitar a investigação da suposta omissão das autoridades federais diante dos diversos alertas feitos pelos serviços de inteligência com dois dias de antecedência. Ele menciona que não é coincidência que a convocação do general Marco Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tenha sido deixada por último.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que Cid tem o direito de permanecer em silêncio em relação às questões sobre as quais está sendo investigado, mas ele terá que responder às outras perguntas.
Um trecho do requerimento do deputado Rafael Brito (MDB-AL), um dos 13 documentos apresentados para a oitiva, afirma que o tenente-coronel é alvo de investigações da PF por outros eventos, no entanto, a quebra do sigilo telemático revelou mensagens de teor golpista. A CPMI também deverá pedir a mesma quebra de sigilo.
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