O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou que o ministro Paulo Guedes (Economia) não precisa de ajuda para aprovar projetos no Legislativo. A afirmação foi escrita duas vezes no perfil oficial do secretário no Twitter e foi uma referência à participação do ministro na audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para debater a reforma da Previdência.
"Paulo Guedes peitou a oposição [na CCJ]. Mostrou que não precisa ter apoio de ninguém para aprovar seus projetos no Legislativo. Com respaldo da sociedade o Brasil vai mudar", escreveu Cintra na quarta-feira (3) à noite, logo após o encerramento da sessão na comissão.
LEIA TAMBÉM: Por mais emprego, Guedes defende nova Previdência sem encargos trabalhistas para empresas.
O tuíte do secretário gerou polêmica e, nesta quinta-feira (4), ele reafirmou o que havia dito, em tom irônico.
O líder do Cidadania (antigo PPS) na Câmara, deputado Daniel Coelho, rebateu as declarações do secretário. "Para de falar besteira. Guedes fez um bom debate, enfrentou as fakenews. Nisso concordamos, mas dizer que não precisa de apoio de ninguém para aprovar seus projetos é falso. Além de ser uma afirmação arrogante. Se não tiver como ajudar, melhor ficar calado para não atrapalhar."
A audiência na CCJ terminou em confusão após o ministro Paulo Guedes ter sido chamado de "tchutchuca" com os ricos e "tigrão" com os aposentados pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu.
Antes, o ministro já havia se exaltado na audiência com deputados de oposição e feito duras críticas ao PT. "Vocês estão há quatro mandatos no poder. Como é que não votaram imposto sobre dividendo? Por que que deram benefícios para bilionários? Por que que deram dinheiro para a JBS?", afirmou o ministro. "Governaram quatro mandatos seguidos e não querem dar três meses para o novo governo", completou.
A sessão na CCJ durou cerca de seis horas e meia e foi dominada por parlamentares de oposição, que marcaram presença em massa e se inscreveram para fazer a maior parte das perguntas.