Paulo Guedes: conversa olho no olho para aprovar a reforma. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Gazeta do Povo.| Foto: Agência Brasil

Depois de semanas conturbadas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, assumiu a linha de frente na articulação da reforma da Previdência e vai começar a receber pessoalmente os deputados em seu gabinete. O ministro vai se encontrar com as bancadas dos partidos para defender a proposta e escutar as demandas dos parlamentares. Até então, o diálogo com os deputados estava sendo liderado pelo secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.

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Os encontros começam nesta terça-feira (2). Durante a manhã, o ministro e o secretário Marinho se reuniram por pouco mais de uma hora com 13 deputados do PSD, incluindo o líder do partido na Câmara. A sigla faz parte dos 13 partidos que assinaram um documento em favor à reforma, mas se mostraram contrários à desconstitucionalização das regras previdenciárias e a mudanças nas regras de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e à aposentadoria rural.

Segundo André de Paula (PE), líder do PSD, o partido vai apoiar a aprovação da admissibilidade da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça, mas depois, na Comissão Especial, vai propor a exclusão dos pontos que consideram críticos. Esse objetivo foi levado ao ministro Paulo Guedes na reunião desta terça-feira. Marinho diz que a posição do governo foi de defender a proposta, mas também de respeitar a soberania do Congresso para fazer alterações.

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À tarde, será a vez da bancada do PSL se reunir com Guedes e Marinho. A sigla declarou apoio à proposta, mas o próprio líder do partido na Câmara, o Delegado Waldir (GO), já criticou o texto e cobrou respostas do ministro. “Nem o PSL está convencido da reforma. Quando chegou a reforma da Previdência, eu fui o primeiro a questionar que veio um abacaxi aqui e, até agora, a faca não chegou aqui não. Não vamos abrir esse abacaxi no dente. Amanhã, Paulo Guedes vai estar aqui e vamos ver se ele traz a faca ou o facão”, disse o deputado no fim de março.

O ministro chegou a cancelar de última hora a ida à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, aconselhado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa. Ele recebeu a informação que seria criticado pelo próprio partido do governo na audiência e desistiu de comparecer. Foi na mesma semana de embate entre Maia e o presidente Jair Bolsonaro. Naquela semana também foi cobrada uma posição mais clara do governo na articulação da reforma.

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Maia e Guedes, então, almoçaram juntos na última quinta-feira (28) e selaram um acordo em defesa da reforma e uma estratégia para apaziguar os ânimos dos deputados. Ficou decidido que o ministro receberá as bancadas dos partidos para conversar sobre a Previdência ao longo deste mês de abril. E que ele vai nesta quarta-feira (3) à CCJ dar explicações do texto aos deputados.

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“Tenho certeza de que a participação dele ajuda muito no convencimento dos parlamentares. A ida dele na quarta-feira vai ser muito importante para que ele possa mostrar os benefícios que uma reforma vai dar para a sociedade brasileira. Vamos colocar o trem nos trilhos”, afirmou Maia a jornalistas na última quinta após almoço com Guedes.

O ministério da Economia, porém, nega que o ministro assumiu a articulação da reforma ao lado de Rodrigo Maia. A pasta diz que a articulação política é um papel que segue sendo desempenhado pelo ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e que o “trabalho de Guedes será complementar”.

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Como era a articulação até março

Até o mês passado, quem vinha recebendo bancadas para falar da reforma da Previdência era o secretário Rogério Marinho. Ao ministro Paulo Guedes cabia o papel de dialogar com Maia e com os presidentes do Senado e do Supremo Tribunal Federal, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli, respectivamente.

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Bolsonaro entrou, de fato, uma única vez em campo para defender a reforma - no dia 20 de fevereiro, quando o texto foi apresentado ao Congresso e quando o presidente fez um pronunciamento à população em rede nacional de televisão e rádio.

Maia sempre foi um fiador da proposta na Câmara, mas seu papel foi colocado em risco durante a troca de farpas entre ele e Bolsonaro no fim do mês passado.