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Ministro da Saúde

Pazuello nega demissão, mas reconhece que Bolsonaro estuda outros nomes para o cargo

Pazuello
Ministro Eduardo Pazuello diz que permanece no cargo até quando o presidente Jair Bolsonaro quiser. (Foto: Tony Winston/MS)

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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, negou em entrevista coletiva nesta segunda-feira (15) ter pedido demissão do cargo, mas reconheceu que o presidente Jair Bolsonaro estuda outros nomes para ocupar a pasta. Sua saída do ministério foi alvo de especulações nos últimos dias, por conta dos números negativos no combate à pandemia de coronavírus. Bolsonaro chegou a se reunir em Brasília com a médica Ludhmila Hajjar, que havia sido cotada para o cargo.

"Não vou pedir para ir embora, não é da minha característica", declarou Pazuello. Ele disse que uma eventual demissão será decisão de Bolsonaro e que, se ocorrer, ele conduzirá a transição com o novo comandante da pasta. "Estamos trabalhando com foco na missão, quando o presidente decidir, faremos uma transição correta", afirmou.

Pazuello falou também que tem a expectativa de concluir a vacinação de toda a população brasileira até o fim do ano. Segundo o ministro, até o fim de abril 88% das pessoas pertencentes a grupos prioritários receberão a vacina contra Covid-19 — aí são incluídos profissionais de saúde, idosos e outros grupos. O segmento prioritário deve ter a vacinação concluída ainda em maio e, no segundo semestre, ocorrerá a imunização para o público geral.

Na coletiva, Pazuello falou também que eventuais compras de vacinas por prefeituras e governos estaduais terão que ser integradas ao Programa Nacional de Imunização (PNI). "O PNI é a base da vacinação do povo brasileiro", disse. Na prática, isso significa que as doses adquiridas pelos prefeitos e governadores serão repassadas ao ministério. Pazuello colocou que a preocupação do governo federal é que não haja "divisão de norte e sul, leste e oeste, ricos e pobres".

"Um dia, sim", diz Pazuello

Pazuello iniciou sua fala à imprensa por volta de 16h40, com 40 minutos de atraso em relação ao previsto inicialmente. Antes disso, a médica Ludhmila Hajjar concedera entrevistas à Globo News e à CNN Brasil em que reconhecia ter sido convidada para assumir o Ministério, mas que negara o convite por não ter tido compatibilidade técnica com o presidente Bolsonaro. Hajjar é opositora do chamado "tratamento precoce" contra a covid-19 e defende medidas de isolamento social, que são contestadas pelo presidente e seus apoiadores.

O atual ministro disse que a sua entrevista já estava programada ainda antes das especulações dos últimos dias e que não se tratava de um "balanço de despedida". "O ministro vai ser substituído? Um dia, sim", declarou. Ele reconheceu que Bolsonaro está "na tratativa de reorganizar o Ministério". "Enquanto isso não for decidido, a vida segue normal", enfatizou.

"Não estou doente, não pedi para sair. Nós estamos trabalhando focados na missão. Quando [Bolsonaro] tomar decisão, nós faremos a transição correta, como manda o figurino", acrescentou.

Pazuello declarou que não se sente pressionado "por nenhuma notícia, nenhuma posição". "O problema é a pandemia, os óbitos, os contaminados", colocou.

O general Eduardo Pazuello chegou ao Ministério da Saúde em abril do ano passado, para ser o secretário-executivo da gestão de Nelson Teich. O então ministro, que assumiu a pasta no lugar de Luiz Henrique Mandetta, ficou menos de um mês no cargo, e caiu por divergências com Bolsonaro no combate ao coronavírus. Pazuello, a partir de maio de 2020, foi transformado em ministro; primeiro na condição de interino, que perdurou até setembro.

"Mais vacinas do que a população brasileira"

Na coletiva, Pazuello disse que a meta do Ministério é adquirir até o fim do ano cerca de 563 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. O número, lembrou o ministro, é superior à população brasileira, que está estimada em 211 milhões de habitantes. O excedente, segundo Pazuello, se dá para evitar eventuais problemas com logística, armazenamento e entrega dos materiais.

O total de 563 milhões é distribuído entre as vacinas dos laboratórios Fiocruz-AstraZeneca-Oxford, Instituto Butantan, Bharat Biotech, União Química, Pfizer e Janssen, além de imunizantes adquiridos por intermédio do consórcio Covax Facility. Os contratos para Pfizer e Janssen, de acordo com o ministro, já foram assinados.

Há ainda, segundo Pazuello, negociações para a compra de 13 milhões de doses da vacina produzida pela Moderna, de origem dos EUA.

"Somos o quinto país do mundo na distribuição de vacinas", declarou o ministro.

Campanha de conscientização

O Ministério da Saúde deve lançar nos próximos dias uma campanha nacional de conscientização sobre a prevenção contra o coronavírus. As peças abordarão temas como o uso de máscaras, a vacinação e a redução de aglomerações. O anúncio também foi feito por Pazuello durante a coletiva.

As medidas preventivas estiveram no foco das demissões dos ministros Teich e Mandetta e também levaram à negativa do convite por parte de Ludhmila Hajjar. Para o presidente Bolsonaro, as ações mais incisivas de isolamento devem ser praticadas pela população que detêm comorbidades. O presidente também se colocou, em um momento inicial, em posição contrária à vacinação - chamou a vacina produzida no Butantan de "vacina chinesa", pelo fato de o imunizante ser produzido em parceria com laboratórios do país asiático e questionou os termos de negociação dos laboratórios.

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