O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.| Foto: Pedro França/Agência Senado
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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu o habeas corpus pedido pela Advocacia-Geral da União (AGU) para que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello fique em silêncio durante seu depoimento à CPI da Covid, agendado para a próxima quarta-feira (19). Ou seja, ele não precisará responder a perguntas que possam incriminá-lo. Em seu despacho, porém, Lewandowski diz que o ex-ministro deve falar a verdade à comissão, ou seja, não pode mentir.

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O salvo-conduto do STF também proíbe que Pazuello seja preso por determinação dos senadores da CPI e permite que ele seja acompanhado por um advogado em seu depoimento. O ex-ministro não pode “sofrer quaisquer constrangimentos físicos ou morais, em especial ameaças de prisão ou de processo”.

A AGU havia recorrido ao STF argumentando que havia risco de "constrangimentos" a Pazuello e de que a CPI poderia "buscar uma confissão de culpa" dele. A equipe jurídica do governo apresentou três pedidos: o direito ao silêncio, para Pazuello não produzir provas contra si mesmo e somente responder às perguntas que se refiram a fatos objetivos, livrando-o "da emissão de juízos de valor ou opiniões pessoais"; o direito de se fazer acompanhar de advogado; e o direito de não sofrer quaisquer ameaças ou constrangimentos físicos ou morais, como a prisão.

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A Comissão Parlamentar de Inquérito havia convocado o ex-ministro da Saúde na condição de testemunha e não de investigado. Pela lei, como testemunha, ele não poderia recorrer ao direito de permanecer em silêncio e seria obrigado a dizer a verdade, sob risco de ser alvo de um pedido de prisão da parte de algum senador da CPI – o que, por exemplo, ocorreu no depoimento de Fábio Wajgarten, ex-chefe da Comunicação da Presidência. Caso fosse considerado investigado, Pazuello poderia ficar em silêncio para não se incriminar.

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Apesar de oficialmente ser considerado testemunha, juristas avaliam que os rumos da CPI indicam que o ex-ministro na prática é investigado. Antes da decisão de Lewandowski, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse em documento enviado ao STF que o general Pazuello é "peça fundamental" na prestação de informações sobre o "colapso do sistema de saúde" e que a recusa em responder as perguntas dos parlamentares "prejudicará sobremaneira" os trabalhos da comissão.

"Negar-se a responder à CPI equivale a esconder do povo brasileiro informações cruciais para compreender o momento histórico, responsabilizar quem tenha cometido irregularidade e evitar que se repitam os erros que levaram à morte de quase meio milhão de brasileiros inocentes, até agora", frisou.

No ofício, Renan ressaltou que Pazuello é "provavelmente a testemunha com o maior volume de informações" a prestar para a delimitação das investigações da CPI — considerando o tempo em que o militar passou à frente do Ministério da Saúde — e por isso foi convocado na condição de testemunha: "para cumprir seu dever legal e cívico de se pronunciar".

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Depoimento de Pazuello na CPI havia sido marcado para o dia 5

O depoimento de Eduardo Pazuello inicialmente estava marcado para 5 de maio. Mas, a pedido do próprio Pazuello, o Exército informou à CPI que o ex-ministro da Saúde, que é general da ativa, estava em quarentena após ter contato com duas pessoas que contraíram Covid-19. O pedido era para que o depoimento fosse feito de forma remota ou que então fosse adiado. A CPI decidiu adiar o depoimento.

Mas apenas dois dias depois de informar que estava em quarentena, Pazuello foi flagrado se encontrando com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni – o que levantou críticas de que o pedido de adiamento havia sido apenas um subterfúgio para o ex-ministro da Saúde ganhar tempo para montar uma estratégia de defesa na CPI mais consistente.

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