Brasil e Argentina estão discutindo a criação de uma moeda única para o Mercosul, que já tem até um possível nome: peso real. O assunto foi debatido entre representantes dos governos dos dois países na viagem do presidente Jair Bolsonaro à Argentina, na quinta-feira (6).
Na manhã desta sexta-feira (7), Bolsonaro confirmou que foi o primeiro passo em direção a uma moeda única no Mercosul. "É o primeiro passo para um sonho de uma moeda única. Como aconteceu com o euro lá atrás [na União Europeia], pode acontecer o peso real aqui", disse ao deixar o hotel onde estava hospedado em Buenos Aires. Bolsonaro voltou nesta sexta para o Brasil.
"Meu forte não é economia, mas acreditamos no feeling, na bagagem, no conhecimento e no patriotismo do Paulo Guedes, ministro da Economia, nessa questão também", afirmou.
Mais tarde, já no Brasil, Bolsonaro afirmou que a ideia de criar uma moeda única, que já existe desde 2011, poderia se estender a todos os países da América do Sul. Segundo Bolsonaro, ainda não há prazos para a implementação da medida.
"Uma família começa com duas pessoas [Brasil e Argentina]. O que o ouvi o Paulo Guedes [ministro da Economia] dizer é que gostaria que outros países se preocupassem com isso, quem sabe, fazendo uma moeda única aqui na América do Sul. Essa seria a ideia", complementou Bolsonaro.
BC diz que não tem estudos sobre união monetária
O Banco Central (BC) divulgou nota nesta sexta-feira (7) negando que esteja estudando uma moeda única com outros países do Mercosul.
"O Banco Central do Brasil não tem projetos ou estudos em andamento para uma união monetária com a Argentina. Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional", diz a nota.
Flerte com o socialismo
Quando ainda estava na Argentina, Bolsonaro foi questionado sobre a possibilidade de o anúncio da possibilidade de adoção de uma moeda única ser uma manobra eleitoral do governo do argentino Mauricio Macri, Bolsonaro mudou de assunto e voltou a falar que ninguém quer que a América do Sul "flerte com o comunismo, o socialismo". "Infelizmente isso aconteceu na nossa querida Venezuela", disse.
Macri tentará a reeleição em outubro contra uma chapa formada por Cristina Kirchner, candidata à vice, e Alberto Fernández. Com a Argentina passando por mais uma crise econômica, a imagem de Macri está bastante abalada. O anúncio da moeda comum pode ser usado para melhorar sua popularidade.
Bolsonaro disse ainda que deixava como mensagem final aos argentinos um pedido para que Deus os ilumine nas eleições de outubro, repetindo o que já havia dito em duas ocasiões na quinta-feira (6). Em discursos ao lado de Macri, o dirigente brasileiro havia mostrado seu apoio a Macri.
O presidente disse também que tem uma proposta "embrionária" para que os países da América do Sul se reúnam com o presidente americano, Donald Trump. Ele não citou, porém, quais seriam os objetivos dessa reunião. "Vamos agora costurar essa possibilidade dos países da América do Sul, de centro-direita, conversar com Trump."
Durante a visita de Bolsonaro à Argentina, também foi anunciado que o Mercosul fechará um acordo comercial com a União Europeia em três ou quatro semanas.
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